Você gostaria de entender se
existem duas páscoas: uma judaica e outra cristã? Gostaria de saber entre
outras coisas de onde surgiu a tradição de comer bacalhau na páscoa, no lugar de
carnes vermelhas? Então você veio ao blog certo!
Cosmovisão Cristã, é a Visão
cristã de mundo, ou seja, é a maneira como o cristianismo enxerga o mundo, ou
ainda, o mundo do ponto de vista da Bíblia.
A origem da palavra Páscoa é Pessach,
do hebraico, passagem, seu registro se encontra em Números 9:1-5
“E falou o SENHOR a Moisés no deserto de Sinai, no ano segundo da sua
saída da terra do Egito, no primeiro mês, dizendo: Celebrem os filhos de Israel a páscoa a seu tempo determinado. No
dia catorze deste mês, pela tarde, a seu tempo determinado a celebrareis;
segundo todos os seus estatutos, e segundo todos os seus ritos, a celebrareis.
Disse, pois, Moisés aos filhos de Israel que celebrassem a páscoa. Então celebraram a páscoa no dia
catorze do primeiro mês, pela tarde, no deserto de Sinai; conforme a tudo o que
o SENHOR ordenara a Moisés, assim fizeram os filhos de Israel”.
É verdade que numa festa de
Páscoa Jesus Instituiu a Santa Ceia (Lucas 22:8-20), e a Igreja Cristã celebra
a Ceia do Senhor até que Ele venha, porém observando a carta de Paulo aos Coríntios
vemos ali um claro motivo para o Cristão também celebrar a Páscoa, uma vez que
o Próprio Apostolo faz uso do fato como alusão a vida espiritual da igreja e
nossa saída do mundo, entendido aqui como sistema maligno –pecado, e sempre
gosto de destacar que as duas cartas aos coríntios são uma bela representação
da igreja pós-moderna.
“Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa,
assim como estais sem fermento. Porque
Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós”. 1ª Coríntios 5:7
A páscoa judaica e a páscoa
cristã são distintas em sua essência, embora ambas abordem o mesmo tema da
libertação. A judaica comemora a libertação do cativeiro egípcio sob a
liderança de Moisés, enquanto que a páscoa cristã foca, a libertação do pecado
(mundo/sistema maligno), em Cristo Jesus, mediante sua morte e ressurreição.
De acordo com a Bíblia a primeira
celebração de páscoa ocorreu quando o Senhor enviou dez pragas sobre o povo do
Egito. Antes da décima praga - que seria a morte dos primogênitos das famílias
egípcias. Moisés foi instruído pelo
mesmo Deus a pedir que cada família hebréia sacrificasse um cordeiro e molhasse
os umbrais das portas, para que seus primogênitos não fossem exterminados.
Chegada à noite, os hebreus comeram a carne de um cordeiro sem mancha,
acompanhada de pães ázmos e ervas amargas.
“Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês tome
cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais, um cordeiro para cada
família. Mas se a família for pequena para um cordeiro, então tome um só com
seu vizinho perto de sua casa, conforme o número das almas; cada um conforme ao
seu comer, fareis a conta conforme ao cordeiro. O cordeiro, ou cabrito, será sem mácula, um macho de um ano, o qual
tomareis das ovelhas ou das cabras. E o guardareis até ao décimo quarto dia
deste mês, e todo o ajuntamento da congregação de Israel o sacrificará à tarde.
E tomarão do sangue, e pô-lo-ão em ambas as ombreiras, e na verga da porta, nas
casas em que o comerem. E naquela noite comerão a carne assada no fogo, com
pães ázimos; com ervas amargosas a comerão. Não comereis dele cru,
nem cozido em água, senão assado no fogo, a sua cabeça com os seus pés e com a
sua fressura. E nada dele deixareis até amanhã; mas o que dele ficar até
amanhã, queimareis no fogo. Assim pois o comereis: Os vossos lombos cingidos,
os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão; e o comereis
apressadamente; esta é a páscoa do SENHOR. E eu passarei pela terra do Egito
esta noite, e ferirei todo o primogênito na terra do Egito, desde os homens até
aos animais; e em todos os deuses do Egito farei juízos. Eu sou o SENHOR”. Êxodo 12:3-12
A chamada páscoa cristã foi
estabelecida no Concílio de Nicéia, no ano de 325 de nossa era, porém a maior
parte das igrejas evangélicas, comemora a morte e a ressurreição de Cristo
através da Cerimônia da Santa Ceia.
DATA DA FESTA
Era uma festa anual celebrada no
dia 14 do mês nisã. Em nosso calendário isso corresponde a um período nos meses
de março e abril.
A RAZÃO DA FESTA
A grande importância dessa festa
se encontra no êxodo, o ato redentor de Deus, pelo qual Israel se tornou povo
dele.
Deus instruíra aos israelitas a
que passassem sangue nos umbrais das portas para que não sofressem praga da
matança dos primogênitos (Êx 12.7).
E naquela noite passou por todo o
Egito e matou todos os primogênitos do sexo masculino, de homens e animais.
Mas não entrou nas casas cuja
porta estava marcada com sangue, e nelas ninguém morreu.
Então os israelitas passaram a
observar essa festa judaica, o principal marco de sua libertação e da proteção
divina.
A COMEMORAÇÃO DA FESTA
O modo da celebrar essa festa
judaica sofreu diversas modificações.
As instruções para a celebração
da primeira páscoa, encontradas em Êxodo 12, constituem o plano básico original
dado por Deus a eles.
1. Um cordeiro
O animal devia ser um macho de um
ano, e seria imolado ao entardecer.
Eles deveriam passar o sangue
dele nos umbrais e na verga da porta (a verga é a parte superior do portal).
Teriam de assá-lo sobre o fogo
por inteiro, com a cabeça, as pernas e a fressura intactas, sem quebrar-lhe os
ossos.
Teriam de comê-lo à noite,
acompanhado de pão sem fermento e ervas amargas. E o que sobrasse deveria ser
queimado ao amanhecer.
Além disso, teriam de fazer a
refeição às pressas, com as sandálias nos pés, os lombos cingidos e o cajado de
viagem na mão.
Isso tudo era figura da
libertação operada por Deus.
2. A festa dos pães asmos
A festa dos pães asmos era uma
parte da Páscoa.
Trata-se de uma comemoração de
natureza agriculturas, que talvez já existisse antes mesmo da instituição da
Páscoa.
Devia ter a duração de uma semana
a começar do dia 14 do mês nisã.
A Páscoa era celebrada no
primeiro dia dos pães asmos.
A festa da Páscoa, alegre e
solene ao mesmo tempo, era celebrada simultaneamente por todos.
Mas cada um em sua própria casa,
enquanto a festa dos pães asmos era uma festividade comunitária.
A PÁSCOA NO NOVO TESTAMENTO
(FESTAS JUDAICAS)
A passagem do tempo e as mudanças
sociais tiveram sensíveis efeitos sobre o povo de Israel, e a Páscoa passou por
modificações.
No tempo de Cristo, as alterações
que ela sofrera já estavam solidificadas.
Nessa ocasião, o povo tinha de se
deslocar para Jerusalém, que então recebia grande afluxo de peregrinos.
Isso importava em sérios
transtornos para a cidade, bem como para esses forasteiros.
E o resultado era que a cidade se
tornava um centro comercial ainda mais agitado.
Os mercados ficavam abarrotados
de grandes suprimentos de verduras e condimentos, dentre os quais a alface, o
dente-de-leão, a pimenta, e outros.
Também eram necessários grandes
carregamentos de frutas e vinho.
Esperava-se um altíssimo consumo
de vinho, já que na celebração da Páscoa cada adulto bebia o equivalente a
quatro copos.
Além disso, na época da festa,
era consumida grande parte das azeitonas, uvas e cereais produzidos nas
plantações próximas.
A cidade tinha que fornecer
também um elevado número de animais para abate, não só para alimentar as
multidões que ali acorriam, mas também para os holocaustos.
Josefo afirma que para o
sacrifício eram necessários cerca de 25.000 animais.
Embora esse número talvez seja um
tanto exagerado, o fato é que a quantidade era mesmo bem expressiva.
Essa foi uma das mudanças
incorporadas à Páscoa. Desde 600 anos antes de Cristo, era costume imolar-se o
cordeiro pascal em Jerusalém.
Por causa disso, a festa deixou
de ser um evento familiar, transformando-se em romaria.
O Bacalhau, a Religião e a
Páscoa.
A religião é o principal elo
entre o bacalhau à Páscoa. Por trás dessa tradição está a influência da ICAR,
que na Idade Média mantinha um calendário de jejuns que deveria ser cumprido
pelos fiéis, que deveriam passar 46 dias em jejum de carnes consideradas
quentes, como as vermelhas. Na época da abstinência, entre a Quarta-Feira de
Cinzas e o Domingo de Páscoa, a igreja incentivava o consumo do bacalhau, uma
carne considerada fria, a mais apropriada para o período da Quaresma.
Por causa do comércio no século
XV e XVI:
“É certo que não há, nas sagradas
escrituras, nenhuma norma ou referência que regulamente o consumo de peixes
nesta época do ano. Da mesma forma como é fácil compreender a jogada comercial
que motivou a prática. Na virada do século XV para o XVI o Vaticano financiava
boa parte das grandes expedições marítimas. Para tanto associou-se a vários
reis e rainhas católicos, em particular da Espanha e Portugal. Nos novos
continentes descobertos, seu quinhão estava assegurado — a peso de muito ouro e
enormes propriedades. É nesta época que, de repente, a Igreja cisma de decretar
que, em reconhecimento ao sofrimento de Cristo, os fiéis não poderiam consumir
carnes “quentes” ou “vermelhas” durante a Quaresma. O que nem todos sabiam é
que o Vaticano, na verdade, era proprietário da maior frota bacalhoeira —
caravelas para a pesca do bacalhau que levavam os “dóris”, barcos a remo nos
quais os pescadores (bacalhoeiros) se lançavam ao mar para a pesca. Seus
armazéns ficavam abarrotados e era preciso escoar regularmente a mercadoria
antes do vencimento dos prazos de validade (afinal, peixe salgado também
estraga porque o sal se desfaz a baixas temperaturas durante o inverno). Assim,
visando a maximizar seus lucros, espertamente os padres proibiram o consumo de
outros tipos de carne durante a Quaresma. Não deu outra: as vendas de bacalhau
explodiram, já que o alimento era apreciado nas camadas populares europeias,
sobretudo portuguesas, por ser nutritivo e barato. Os ricos e nobres
continuaram mandando brasa nos seus faisões. Não por acaso há uma expressão em
Portugal referente às visitas inesperadas (e de baixa condição social) que
batem à porta em horário próximo do almoço. Quando se pergunta o que servir
como alimento, o dono da casa ou anfitrião costuma dizer: “Para quem é,
bacalhau”. E assim, durante séculos, até a Segunda Guerra Mundial, o bacalhau
foi comida de pobre, mesmo no Brasil, cujo consumo massivo se deu após a
chegada da corte portuguesa. Leia mais em: http://www.materiaincognita.com.br/por-que-se-come-peixes-e-bacalhau-durante-a-semana-santa/#ixzz2NY9V6vj3”
Aqui no Brasil, essa tradição
chegou com os Portugueses, amantes do bacalhau e seguidores do catolicismo. Até
a Segunda Guerra Mundial, o preço do peixe era acessível às famílias
brasileiras, mas com o estourar das batalhas na Europa, o valor do bacalhau
explodiu, restringindo o consumo popular. Assim, o peixe deixou de estar
presente nas sextas-feiras, nos dias santos e nas festas familiares, e passou a
figurar somente nas datas mais especiais para os cristãos, como o Natal e a
Páscoa. (é só pesquisar a história do Bacalhau na internet e lá está a
“história religiosa do bacalhau”).
Claro que A Festa Cristã da
Páscoa tem origem na Festa Judaica, porém como já foi dito e é bom repetir, a
maior parte das igrejas evangélicas, comemora a morte e a ressurreição de
Cristo através da Cerimônia da Santa Ceia.
A existência de uma páscoa cristã
reside, também no fato de que Cristo é nosso Cordeiro Pascal (No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha
para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. João
1:29), e pelo próprio uso que o Apostolo faz em Coríntios, livro onde ele
explica que as coisas que aconteceram a Israel foram para modelo, representação
para o Cristão:
“Ora,
irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da
nuvem, e todos passaram pelo mar. E todos foram batizados em Moisés, na nuvem e
no mar, E todos comeram de uma mesma comida espiritual, E beberam todos de uma mesma bebida espiritual,
porque bebiam da pedra espiritual
que os seguia; e a pedra era Cristo.
Mas Deus não se agradou da maior parte deles, por isso foram prostrados no
deserto. E estas coisas foram-nos
feitas em figura, para que não cobicemos as coisas más, como
eles cobiçaram”. 1 Coríntios 10:1-6
E ainda o escritor aos Hebreus,
nos revela que tudo isso era sombra do que viria a ser de fato no Cristo:
“Porque tendo a lei a sombra
dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos
sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a
eles se chegam”. Hebreus 10:1
O bom mesmo é manter sempre o equilíbrio-moderação,
sugerido pela própria Bíblia:
“Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de
amor, e de moderação”. 2
Timóteo 1:7
“Não sejas demasiadamente
justo, nem demasiadamente
sábio; por que te destruirias a ti mesmo?” Eclesiastes 7:16
Esta tipologia da páscoa é óbvia,
O Cordeiro é Cristo; O Pão sem fermento-a pureza do amor de Deus; As ervas
amargas lembram como era amarga a vida no Egito; O Egito – O mundo; Faraó-
satanás nos fazendo propostas para ficarmos “em seu Egito”; O Vinho-O Sangue, O
Deserto- Nossa Caminhada; Canaã O Céu.
“Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa,
assim como estais sem fermento. Porque
Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós”. 1ª Coríntios 5:7
Portanto, Comemorem a Páscoa em
suas Casas e Igrejas.
Em Cristo. Feliz Páscoa a Todos!