quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Aplicando as Escrituras.



Rodrigo Martins. Professor de Hermenêutica no I.T.Q. Juiz de Fora e Cataguases MG.

Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça;” 2ª Timóteo 3:16

*redarguir: Responder àquilo que foi dito; argumentar; redarguir calmamente, expondo todas as vantagens da minha sugestão.

Quando Paulo disse: “Toda a Escritura é dada por inspiração de Deus” (2ª Timóteo 3:16), ele empregou a palavra grega “theopneustos” com a ideia de inspiração.

Aplicar a Bíblia é o dever de todos os cristãos. Se não a aplicarmos, a Bíblia torna-se para nós nada mais do que um livro comum, uma coleção impraticável de manuscritos antigos.

Martyn Lloyd Jones disse:

“Qualquer entendimento que possamos ter da Bíblia poderá ser uma cilada para nós, se deixarmos de aplica-la”.

Aplicação implica ação, e ação obediente é a etapa final em dar vida à Palavra de Deus em nossas vidas. A aplicação da Escritura solidifica e ilumina o nosso estudo, e também serve para aguçar o nosso discernimento, ajudando-nos a melhor distinguir entre o bem e o mal.

Tanto que o Apóstolo Paulo Instruía a trocar as cartas entre as igrejas

“E, quando esta epístola tiver sido lida entre vós, fazei que também o seja na igreja dos laodicenses, e a que veio de Laodicéia lede-a vós também.” Colossenses 4:16

Antes que possamos dizer aos cristãos do século 21 como a Bíblia se aplica a eles, devemos primeiro chegar à melhor compreensão possível do que a Bíblia significava ao seu público original. Se chegarmos a uma aplicação que teria sido estranha para o público original, há uma possibilidade muito forte de que não estamos interpretando a passagem corretamente. Quando estivermos confiantes de que entendemos o que o texto significava para os seus ouvintes originais, então devemos considerar as diferenças entre nós e eles.

Também é importante destacar que cada passagem tem apenas uma interpretação correta. Ela pode ter uma gama de aplicações, mas apenas uma interpretação. Isto significa que algumas aplicações são melhores que outras. Se uma aplicação for mais próxima da interpretação correta do que outra, então é uma melhor aplicação daquele texto.

Ao ler a Bíblia, podemos aprender sobre as interações de Deus com a humanidade ao longo da história, o Seu plano de redenção, Suas promessas e Seu caráter. Vemos como deve ser a vida cristã. O conhecimento de Deus que aprendemos da Escritura serve como uma base inestimável para aplicarmos os princípios da Bíblia à vida.

O objetivo seguinte é o que o salmista descreve como "guardar" a Palavra de Deus em nossos corações: "Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti" (Salmo 119:11).

Ao aplicar Ore e se faça as seguintes perguntas:

1. O que esta passagem me ensina sobre Deus?
2. O que esta passagem me ensina sobre a igreja?
3. O que esta passagem me ensina sobre o mundo?
4. O que esta passagem me ensina sobre mim mesmo? Sobre meus próprios desejos e motivações?
5. Será que essa passagem exige que eu tome uma atitude? Se afirmativo, que medidas devo tomar?
6. O que preciso confessar e/ou de que preciso me arrepender?
7. O que aprendi desta passagem que vai me ajudar a me concentrar em Deus e me esforçar para a Sua glória?

Por que Paulo escreveu as cartas às igrejas?

Existem diversos motivos notórios pelos quais ele as poderia ter escrito, mas o principal certamente é a Inspiração Divina (theopneustia), pois nitidamente era movido pelo Espírito de Deus, não temendo a morte mesmo lhe sendo revelado pelos profetas Cristãos as aflições que padeceria (Atos 21:9-11);

Exemplo na Bíblia de Aplicação:

“Ele, porém, lhes disse: Não tendes lido o que fez Davi, quando teve fome, ele e os que com ele estavam?” Mateus 12:3

“E Jesus, respondendo-lhes, disse: Nunca lestes o que fez Davi quando teve fome, ele e os que com ele estavam? Como entrou na casa de Deus, e tomou os pães da proposição, e os comeu, e deu também aos que estavam com ele, os quais não é lícito comer senão só aos sacerdotes?” Lucas 6:3,4

Na discussão com os fariseus, Jesus citou um acontecimento da história de Davi, registrado em 1ª Samuel 21:1-9.
  • Uma interpretação comum é que Jesus aprovou o ato de Davi por causa da sua circunstância. Fugindo do rei Saul, Davi e seus amigos estavam com fome. O único pão que acharam foi o pão sagrado do tabernáculo.
  • Outra interpretação procura, no acontecimento no tabernáculo em Nobe, uma mensagem simbólica da salvação. Alguns comparam o sacerdote com o próprio Jesus e buscam um sentido paralelo à redenção realizada por Jesus.
  • Uma terceira explicação admite o pecado de Davi e mostra a hipocrisia dos fariseus. A interpretação mais coerente da resposta de Jesus não exige aprovação do pecado de Davi. Enquanto rejeitavam o próprio Filho de Deus, os fariseus honravam os heróis espirituais do passado e faziam questão de preservar seus sepulcros (Mateus 23:29-30). O túmulo de Davi foi um dos sepulcros protegidos (Atos 2:29), e o segundo rei de Israel foi visto com bons olhos pelos judeus. Naquele momento, os fariseus demonstraram sua injustiça e hipocrisia. Se perguntasse para eles sobre Davi, um herói que claramente profanou o tabernáculo, eles poderiam até arrumar desculpas para justificá-lo. Mas quando olhavam para os discípulos de Jesus, inocentes, eles distorceram a lei para acusá-los de pecado. Julgavam para condenar quando deveriam ter demonstrado justiça e misericórdia (Mateus 7:1-5).
Jesus citou Davi e os pães da proposição, porque Davi era um herói nacional e ele fez o que os fariseus certamente condenariam de pronto: comer o pão sagrado.

A grande lição do texto não diz respeito a pães, ou espigas de milho, mas diz respeito ao homem e sua relação com Deus.

“E disse-lhes: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado. Assim o Filho do homem até do sábado é Senhor.” Marcos 2:27,28

“Ouvi, Senhor, a tua palavra, e temi; aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos, no meio dos anos faze-a conhecida; na tua ira lembra-te da misericórdia.” Habacuque 3:2
  • ·         Avivamento genuíno é fruto de oração, clamor;
  • ·         Avivamento genuíno é um retorno a Bíblia.
“Em tudo te dá por exemplo de boas obras; na doutrina mostra incorrupção...” Tito 2:7

Obras Consultadas

KURUVILLA, Abraham. O Texto Primeiro. Ed. Cultura Cristã.
DORIANI, Dan. A Verdade na prática. Ed Cultura Cristã.
KEENER, Craig. A Hermenêutica do Espírito. Vida Nova.
EDWARDS, Jonathan. A Genuína Experiência Espiritual. Editora PES.
LOPES, Hernandes Dias. Morte na Panela. Ed. Hagnos.