Exposição
do capítulo 1 do Livro de Apocalipse
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O livro de Apocalipse retrata Cristo
triunfante sobre Satanás e suas forças.
Interpretando:
João escreveu o que ele viu
(1:11,19), Para entendê-la, precisamos visualizar as cenas em nossa imaginação.
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Jesus enviou a mensagem de Apocalipse às sete
igrejas (1:4,11) que estavam passando por um período de dura perseguição (1:9).
Como em qualquer carta, nós a entenderemos melhor vendo a mensagem através dos
olhos de seus destinatários originais. Em certo sentido, estamos lendo a
correspondência de alguém.
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Apocalipse foi escrito com símbolos (veja
1:20). Os candelabros que João viu, por exemplo, simbolizavam igrejas; as
estrelas significavam anjos. Precisamos distinguir entre o que João viu e o
significado do que ele viu. Livros como Daniel, Zacarias, Ezequiel e Isaías
usam linguagem figurada semelhante.
Aparição de Cristo:
Em Apocalipse 1, Jesus
apareceu a João. Ele era enorme: sete estrelas em uma mão. Seu semblante
resplandecia como o sol. Sua voz troava como as cataratas de Iguaçu. Seus pés
eram como o bronze refinado no fogo, incinerando tudo em sua passagem. Seus
olhos flamejantes poderiam penetrar como uma "visão raio X". Cristo
tinha entrado no reino da morte e emergiu vitorioso possuindo as chaves da
morte e do inferno (Hades).
Suas vestes compridas,
simbolizando sua glória; seu cinto de ouro sobre o peito que tem como símbolo
seu poder para julgar; sua cabeça branca, simbolizando sua eternidade; seus
olhos de fogo, seu poder de penetrar todas as coisas, nada ficando escondido de
sua presença.
As vestes usadas por Jesus
eram as mesmas que os sacerdotes do Antigo Testamento usavam quando estavam oficiando
no santuário.
SEUS PÉS SEMELHANTE AO
BRONZE POLIDO
Vs. 15, "os pés,
semelhantes ao bronze polido, como que refinado numa fornalha; a voz, como voz
de muitas águas".
Embora o Filho do Homem
glorificado, estivesse vestido com uma roupa comprida, seus pés não estavam
cobertos, porém visíveis como o bronze reluzente, (brilhante).
A expressão "bronze
polido", vem do termo grego "calkolibanov" calkolibanos
(calkos=bronze; laban=embranquecer), referência a "algum metal como ouro,
se não mais precioso" (Bíblia Online SBB). Seus pés, estavam descalços,
assim como ficavam descalços os pés dos sacerdotes durante a ministração
perante o Senhor em Israel.
O brilho de seus pés
resplandecia como o fino bronze incandescente numa fornalha, debaixo de uma
alta temperatura. A idéia aqui é de um latão branco, grandemente aquecido até
se tornar brilhante ao extremo e intolerável à vista humana.
O latão, ou bronze,
simboliza algumas coisas na Palavra de Deus:
Simboliza poder e
perseverança:
- Zc 6.1, "Outra vez,
levantei os olhos e vi, e eis que quatro carros saíam dentre dois montes, e
estes montes eram de bronze". Pense na pujança, na magnificência desses
montes altos brilhando em função do bronze, matéria com a qual foram construídos.
É assim que Satanás, e nossos inimigos nos vêem. Somos aos seus olhos
"montes de bronze".
- Ml 4.13, Levanta-te e
debulha, ó filha de Sião, porque farei de ferro o teu chifre e de bronze, as
tuas unhas; e esmiuçarás a muitos povos, e o seu ganho será dedicado ao SENHOR,
e os seus bens, ao Senhor de toda a terra". As unhas de bronze, nesta
passagem das Escrituras, demonstram o poder de guerra de Israel para esmagar as
nações inimigas. Notem que este poder de guerra não é nato da nação, mas sim
dado pelo Senhor. É o Senhor quem nos capacita para a Batalha, quando nos
defrontamos com os nossos inimigos. É o Senhor quem peleja por nós, Êx 14:14,
"O SENHOR pelejará por vós, e vós vos calareis".
Simboliza a firmeza do Juízo
divino, como visto no altar de bronze e na serpente:
Êx 27.1-7, "1 Farás
também o altar de madeira de acácia; de cinco côvados será o seu comprimento, e
de cinco, a largura (será quadrado o altar), e de três côvados, a altura. 2 Dos
quatro cantos farás levantar-se quatro chifres, os quais formarão uma só peça
com o altar; e o cobrirás de bronze. 3 Far-lhe-ás também recipientes para
recolher a sua cinza, e pás, e bacias, e garfos, e braseiros; todos esses
utensílios farás de bronze. 4 Far-lhe-ás também uma grelha de bronze em forma
de rede, à qual farás quatro argolas de metal nos seus quatro cantos, 5 e as
porás dentro do rebordo do altar para baixo, de maneira que a rede chegue até
ao meio do altar. 6 Farás também varais para o altar, varais de madeira de
acácia, e os cobrirás de bronze".
Devemos pensar que o altar era o lugar
onde acontecia os sacrifícios, e conseqüentemente o lugar onde os pecados eram
expiados, perdoados. Era ali que a ira de Deus contra o pecado era aplacada,
acalmada. Um fato interessante sobre o altar estava nos quatro chifres, que
servia de proteção a uma pessoa fugitiva que ficava em segurança quando corria
e se agarrava a eles.
“Porém
Adonias temeu a Salomão; e levantou-se, e foi, e apegou-se às pontas do altar. E
fez-se saber a Salomão, dizendo: Eis que Adonias teme ao rei Salomão; porque
eis que apegou-se às pontas do altar, dizendo: Jure-me hoje o rei Salomão que
não matará o seu servo à espada. E disse Salomão: Se for homem de bem, nem um
de seus cabelos cairá em terra; se, porém, se achar nele maldade, morrerá.” 1ª
Reis 1:50-52
“E
chegou a notícia até Joabe (porque Joabe tinha se desviado seguindo a Adonias,
ainda que não tinha se desviado seguindo a Absalão), e Joabe fugiu para o tabernáculo
do Senhor, e apegou-se às pontas do altar.” 1ª Reis 2:28
- Através do ato de pegar nas
pontas do altar, os israelitas se colocavam sob a proteção da graça salvadora e
auxiliadora de Deus. O altar era um local de santuário bem como de ofertas, e
os ofensores que se agarravam à suas pontas estavam seguros contra todo mal.
Nem mesmo o Rei Salomão pôde matar o usurpador Adonias, quando este fugiu para
a casa de Deus, e lá se agarrou às pontas do altar.
- Os chifres do altar eram símbolos do poder, os
israelitas recorriam aos chifres do altar a fim de escapar da ira humana. A fim
de alcançar o favor do rei, eles corriam para o santuário e tocavam no altar.
- Um homem que foi acusado
falsamente de assassinato poderia correr lá para segurança e agarrar-se nos
chifres. Se ele fosse inocente eles o protegeriam.
O significado deste ato pelo
exposto é agarrar-se a misericórdia de Deus.
compare com:
- Nm 21.8-9, "8 Disse o
SENHOR a Moisés: Faze uma serpente abrasadora, põe-na sobre uma haste, e será
que todo mordido que a mirar viverá. 9 Fez Moisés uma serpente de bronze e a
pôs sobre uma haste; sendo alguém mordido por alguma serpente, se olhava para a
de bronze, sarava".
O contexto desta passagem esboça a realidade da
mortandade que estava ocorrendo no meio do povo de Deus em razão de sua
desobediência, por reclamar do alimento servido por Deus (Maná), chamando-o de
"pão vil" (v. 5), considerando como melhores as comidas que comiam
como escravos no Egito. Deus então, mandou para o acampamento "serpentes
venenosas", que picavam e espalhavam a morte no meio do povo. A
"serpente de bronze", construída pela ordem de Deus, era o alívio, o
escape, pois quem fosse picado por uma serpente venenosa só escapava da morte
quando olhasse para ela. Esta "serpente de bronze", prefigurava
Cristo, quando foi erguido no Monte Calvário, sendo a salvação para aqueles que
olhassem para ele, João 3:14, "E do modo por que Moisés levantou a
serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado".
Outrora, os pés de Jesus
palmilhavam as ruas de Jerusalém, em tarefas de misericórdia, os quais Maria
lavou com sua lágrimas, e que os homens cruéis cravaram no Calvário. Estes pés,
são agora os pés do vingador ao vir para pisar seus inimigos, Ap 14.19-20,
"19 Então, o anjo passou a sua foice na terra, e vindimou a videira da
terra, e lançou-a no grande lagar da cólera de Deus. 20 E o lagar foi pisado
fora da cidade, e correu sangue do lagar até aos freios dos cavalos, numa
extensão de mil e seiscentos estádios". Temos aqui a figura do lagar que
era uma "Espécie de tanque grande, geralmente cavado em rocha, no qual
vários homens, com os pés descalços, pisavam as uvas para extrair delas o suco
usado para fazer vinho", Ne 13.15 (Bíblia Online SBB). Da mesma forma que
a uvas eram pisadas pelos homens, nesta passagem vemos Jesus pisando os ímpios
em sua ira de julgamento.
Sim, os pés de Jesus como
"latão reluzente", "bronze polido", nos mostram o seu poder
contra os inimigos, a ao mesmo tempo o se juízo que sobrevirá contra aqueles
que o rejeitaram.
O Cristo apocalipco, tem
muito a nos dizer em sua manifestação de glória a João. Tantos seus pés como
"latão reluzente", com a sua "voz", nos trazem aspectos de
sua personalidade e de seu tratamento com o homem. O ímpio estará provando seu
poder e será pisado no lagar de sua ira.
João desmaiou. Ele nunca
tinha visto o exaltado Jesus. Muitos, hoje, jamais perceberam a glória do
Senhor. Eles ainda imaginam Jesus como um recém-nascido numa manjedoura ou uma
figura patética na cruz. Mas Cristo está, hoje, exaltado e extraordinariamente
poderoso.
Subsidio
para Interpretar o Capítulo 1:
1)
Leia o livro de Apocalipse ligeiramente
algumas vezes, tentando ver em sua imaginação o que João descreveu. Não se
preocupe, desde logo, com a interpretação; veja apenas o quadro.
2)
Observe os aspectos de Jesus descritos no
capítulo 1. Olhe para os elementos descritivos no resto do livro (especialmente
capítulos 2-3).
3)
Compare os símbolos usados no capítulo 1 com
outras passagens para ajudar a interpretá-los: sete Espíritos (Isaías 11:2-3);
pés como bronze polido (Miquéias 4:13; Malaquias 4:3); espada de dois gumes
(Hebreus 4:12).
4)
Reconheça o estilo simbólico da linguagem do
livro. Temos que reconhecer o estilo da linguagem que o Espírito Santo empregou
ao escrever este livro. Justo como ele fez em várias outras partes da Bíblia,
aqui ele usou linguagem simbólica ou figurativa, freqüentemente com descrições
físicas para retratar conceitos espirituais. Este era o costume de Jesus em
suas parábolas. Quando ele disse, "Eu sou o pão" (João 6:35),
imediatamente percebemos que ele não está falando de alimento físico. Quando
ele disse, "Eu sou a porta" (João 10:7) ninguém imagina que Jesus é
feito de madeira e tem dobradiças de metal. Quando ele disse, "Eu sou a
videira" (João 15:1), não concluímos que ele é literalmente uma planta
frutífera. Quando o mesmo Espírito Santo usou o mesmo escritor que registrou
estas expressões figurativas para nos transmitir a mensagem do Livro de
Apocalipse, não nos deveríamos surpreender se sua linguagem fosse figurativa ou
simbólica. Outros livros da Bíblia, especialmente Ezequiel, Daniel e Zacarias
empregam linguagem semelhante, tornando este estilo de revelação familiar
àqueles que receberam o Livro de Apocalipse no primeiro século.
Observe:
Não
há dúvida de que Jesus, depois de ressuscitado, foi mais reconhecido por seus
gestos e por sua voz do que por sua aparência externa.
Maria
Madalena viu Jesus em pé junto ao túmulo, porém não o reconheceu. Mas quando
Ele pronunciou exclamativamente o nome “Maria!”, ela devolveu de pronto outra
exclamação: “Raboni”, que em hebraico quer dizer Mestre (Jo 20.14-16).
Os
dois discípulos que caminhavam de Jerusalém para Emaús não reconheceram Jesus
quando Ele se pôs a caminho com eles, embora o céu ainda não estivesse escuro.
Mas quando Jesus, à mesa com eles, tomou, abençoou, partiu e distribuiu o pão,
Cléopas e seu amigo perceberam que aquele, até então estranho, era o Senhor!
O
que acabou por completo com a resistência dos apóstolos em crer na ressurreição
do Senhor foi a repetição da pesca maravilhosa, na mesma praia e no mesmo
horário (Jo 21.1-14; Lc 51-11).
Jesus
ressuscitou em glória e esse fato tornava sua aparência diferente.
Podemos
entender esse poder que o Senhor tem de se revelar às pessoas quando e onde
quer, como ocorreu até mesmo antes de sua ressurreição ao se ocultar dos
fariseus, ou seja, desaparecer bem diante de seus olhos:
"Então pegaram em pedras para lhe
atirarem; mas Jesus ocultou-se, e saiu
do templo, passando pelo meio deles,
e assim se retirou". João 8:59
Outro
ponto interessante que encontramos na Palavra de Deus é que apenas os
discípulos do Senhor o viram ressuscitado. Para o mundo, a última visão que
tiveram do Senhor foi a de seu corpo morto sendo tirado da cruz e sepultado. A
próxima visão será quando ele vier em glória para estabelecer o seu Reino.
Para pensar sobre a aparência de Jesus:
Pelo
texto é possível perceber que a capacidade de ver o Senhor ressuscitado não
seja algo natural. Isto é, estamos falando de um corpo em um estado da matéria
que é completamente desconhecido da criação natural, portanto é preciso uma
intervenção divina para que alguém possa enxergá-lo. Assim acredito que a menos
que o Senhor abrisse os olhos de seus discípulos para enxergarem o que havia
além dos bastidores do mundo material, nem mesmo eles o teriam visto em seu
corpo ressuscitado.
Um exemplo interessante disso você
encontra numa passagem do Antigo Testamento:
"Então [o rei da Síria] enviou para
lá cavalos, e carros, e um grande exército, os quais chegaram de noite, e
cercaram a cidade. E o servo do homem de Deus [Eliseu] se levantou muito cedo e
saiu, e eis que um exército tinha cercado a cidade com cavalos e carros; então
o seu servo lhe disse: Ai, meu senhor! Que faremos? E ele disse: Não temas;
porque mais são os que estão conosco do que os que estão com eles. E orou Eliseu, e disse: SENHOR, peço-te que
lhe abras os olhos, para que veja. E o SENHOR abriu os olhos do moço, e viu; e
eis que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu". 2ª
Reis 6:14-17
Foi
preciso uma intervenção divina para que o servo de Eliseu enxergasse o que havia
nos bastidores, no mundo espiritual. Eliseu já tinha visto isso para poder
afirmar que eram mais os soldados dos exércitos celestiais do que os dos
exércitos das trevas, pois aqui ele não está simplesmente falando dos soldados
humanos, mas daqueles que estariam ali para ajudar os soldados da Síria:
"mais são os [anjos] que estão conosco [israelitas] do que os [anjos] que
estão com eles [sírios]".
“Não
atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se
vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.” 2ª
Coríntios 4:18
“Pela fé deixou o Egito, não temendo a
ira do rei; porque ficou firme, como
vendo o invisível.” Hebreus 11:27
“Dando
graças ao Pai que nos fez idôneos para participar da herança dos santos na luz;
O qual nos tirou da potestade das trevas, e
nos transportou para o reino do Filho do seu amor; Em quem temos a redenção
pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados; O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação;” Colossenses
1:12-15
“Porque
nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e
invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam
potestades. Tudo foi criado por ele e para ele.” Colossenses
1:16
“Ora,
ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus sábio, seja honra e
glória para todo o sempre. Amém.” 1ª Timóteo 1:17
“Havendo
Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos
profetas, a nós falou-nos nestes últimos
dias pelo Filho, A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o
mundo. O qual, sendo o resplendor da sua
glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas
pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos
pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas;” Hebreus
1:1-3
No
artigo sobre como interpretar a Marca da Besta explico mais sobre o forte
simbolismo do livro de Apocalipse, pode ser lido através do link:
Professor
Rodrigo Martins de Oliveira ITQ Juiz de Fora/MG
Bacharel em Teologia, Professor de
Escatologia Bíblica a 12 (doze) anos. Leciona também as disciplinas de
Hermenêutica, História de Israel entre outras