Acredito ser pertinente
e até urgente à leitura do artigo de hoje, para àqueles e àquelas que desejam
apresentar a mensagem cristã em nossa sociedade atual (pós-moderna).
Reproduzo aqui em texto
parte da discussão que propus na disciplina que lecionei: Introdução à Filosofia,
isso no mês em que se comemoram os 500 anos da reforma, tendo em vista a autoridade
da igreja e sua clara relevância na “pós–modernidade”.
Aproveito a
oportunidade para demonstrar através da argumentação e bibliografia o que os alunos e alunas encontrarão ao estudar
conosco.
Filosofia é uma palavra
grega que significa "amor à sabedoria" ou ainda "amigo da sabedoria" (filos) e consiste no estudo de problemas fundamentais relacionados à existência,
ao conhecimento, à verdade, aos valores morais e estéticos, à mente e à
linguagem. Filósofo é um indivíduo que busca o conhecimento de si mesmo, movido
pela curiosidade e sobre os fundamentos da realidade. É uma atitude natural do
homem em relação ao universo e seu próprio ser. Atribui-se a Pitágoras de Samos (século
V a.C) a invenção da palavra “filosofia”. Quando perguntado qual sua função
disse: filósofo-amigo da sabedoria, pois dizia que só os deuses têm a sabedoria
plena. Teve
seu começo em Tales da colônia grega de Mileto por isso chamado Tales de Mileto.
A dimensão religiosa do
homem faz parte de seu ser mais profundo: longe de ser fonte de alienação, ela
dispõe o homem para a verdadeira alegria. O desejo mais profundo que se
inscreve no coração do homem, criado à imagem de Deus, é a sede de Deus:
“Assim como o cervo
brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus! A
minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei
ante a face de Deus? As minhas lágrimas servem-me de mantimento de dia e de
noite, enquanto me dizem constantemente: Onde está o teu Deus? Quando me lembro
disto, dentro de mim derramo a minha alma; pois eu havia ido com a multidão.
Fui com eles à casa de Deus, com voz de alegria e louvor, com a multidão que
festejava. Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas em mim?
Espera em Deus, pois ainda o louvarei pela salvação da sua face.” Salmos 42:1-5
“A minha alma anseia
pelo Senhor, mais do que os guardas pela manhã, mais do que aqueles que guardam
pela manhã.” Salmos 130:6
Por que Deus não acaba
com o mal e portanto, com nosso sofrimento?
Circula pela internet
desde 2004 um texto que narra um episódio ocorrido com um aluno de uma escola que, certa
vez, diz para seu professor, depois de mostrar várias provas e contrapor o bem
e o mal, que Deus realmente existe: O texto sugere que o mal não existe, assim
como a escuridão não existe, sendo esta apenas a ausência de luz, por analogia o
mal é ausência de bem: uma escolha de não praticar o bem:
“Aquele, pois, que sabe
fazer o bem e não o faz, comete pecado.” Tiago 4:17
Um filósofo certa vez
formulou a questão a respeito da relação entre a onipotência e a bondade de
Deus. A coisa é mais ou menos assim: “se Deus existe, ele é todo poderoso e é
bom, pois não fosse todo-poderoso, não seria Deus, e não fosse bom, não seria
digno de ser Deus. Mas se Deus é todo-poderoso e bom, então como explicar tanto
sofrimento no mundo? Caso Deus seja todo-poderoso, então ele pode evitar o
sofrimento, e se não o faz, é porque não é bom, e nesse caso, não é digno de
ser Deus. Mas caso seja bom e queira evitar o sofrimento, e não o faz porque
não consegue, então ele não é todo-poderoso, e nesse caso, também não é Deus.
Considerando, portanto, que não é possível que Deus seja ao mesmo tempo bom e
todo-poderoso, a lógica é que Deus é uma impossibilidade filosófica", ou se
preferir, a idéia de Deus não faz sentido, e o melhor que temos a fazer é
admitir que Deus não existe”.
Parece que estamos
diante de um dilema insolúvel. Mas Einstein nos deu uma dica preciosa. Disse
que quando chegamos a um “problema insolúvel”, devemos mudar o paradigma de
pensamento que o criou. O paradigma de pensamento que considera o binômio
“onipotência/bondade” como ponto de partida para pensar o caráter de Deus nos
deixa em situação difícil. Existiria, entretanto, outro paradigma de
pensamento? Será que as palavras “onipotência” e “bondade” são as que melhor
resumem o dilema de Deus diante do mal e do sofrimento do inocente? Há outras
palavras que podem ser colocadas neste quebra-cabeça?
Este problema foi
enfrentado pelo Apostolo Paulo, em seu debate com os filósofos gregos de seu
tempo. A mensagem cristã era muito simples: Deus veio ao mundo e morreu
crucificado. Pior do que isso: Deus foi crucificado num “jogo de empurra” entre
judeus e romanos, isto é, diferentemente dos outros deuses, o Deus cristão foi
morto não por deuses mais poderosos, mas por homens. "Sendo Deus, jamais poderia
ser morto por mãos humanas, e sendo o Deus onipotente, jamais poderia nem mesmo
ser morto." Paulo estava diante de um dilema semelhante ao proposto no inicio,
Deus era uma impossibilidade filosófica.
Foi então que os
apóstolos surgiram com uma resposta: antes de vir ao mundo ao encontro dos
homens, Deus se esvaziou da sua onipotência, isto é, abriu mão do exercício de
sua onipotência, e por amor, deixou-se matar por eles. (“Deus abriu mão do
exercício de sua onipotência”, bem diferente de “Deus abriu mão de sua
onipotência”).
O apóstolo Paulo
admitia que não era possível pensar em Deus sem considerar o binômio bondade/onipotência.
Optou pela palavra amor, assim como o apóstolo João, que afirmou “Deus é amor”.
Jesus de Nazaré foi Deus encarnado na forma de Amor, e não Deus encarnado na
forma de Onipotência.
Isso faz todo o
sentido: "Um Deus que viesse ao encontro das pessoas em trajes onipotentes
chegaria para se impor e reivindicar obediência irrestrita, impressionando pela
sua majestade e força sem iguais. A contrapartida do poder é a obediência,
enquanto a contrapartida do amor é a liberdade. Também assim pensou o apóstolo
Paulo, ao afirmar que o que constrange as pessoas a viver para Deus é o amor de
Deus (demonstrado na morte de Jesus na cruz) Ao decidir criar o ser humano à
sua imagem e semelhança, deveria criá-lo livre. Desejando um relacionamento com
o ser humano, deveria dar a esse ser a liberdade de responder voluntariamente
ao seu amor. Entre a onipotência e a bondade de Deus existe a liberdade do
homem, e o compromisso de Deus em respeitar esta liberdade. O mal é consequencia
inevitável da liberdade humana, que teima em dar as costas para Deus e tentar
fazer o mundo acontecer à sua própria maneira. Deus não acaba com o mal porque
o mal não existe, o que existe é o malvado. O mal não é uma entidade ao lado de
Deus. O mal é o resultado de uma ação humana em afastar-se do Deus, sumo bem.
Para acabar com o mal, Deus teria que acabar com o malvado. Mas, sendo amor,
entre acabar com o malvado e redimir o malvado, Deus escolheu sofrer enquanto
redime, para não negar a si mesmo destruindo o objeto do seu amor."
Por esta
razão, Deus esvazia-se de sua onipotência, abre mão de se relacionar em termos
de onipotência-obediência, e se relaciona com a humanidade com base no amor.
Aprofundando a
discussão...
Pré-modernismo
Na Idade Média (o período
pré-moderno), acreditava-se que a verdade era privilégio de alguns grupos
especiais. Uma pessoa comum não tinha a menor condição de alcançar a verdade
sobre qualquer área. A verdade poderia ser encontrada somente no clero ou na
igreja. Se você desejasse conhecer a verdade, iria conversar com um sacerdote.
Sempre que os sacerdotes discordassem entre si ou não tivessem uma posição, a
verdade seria decidida pelo papa ou por um dos grandes concílios da igreja.
Modernismo Cristão
Durante a Reforma
Protestante, a confiança das pessoas em grupos privilegiados começou a se
fragmentar. Passou-se a acreditar que a verdade não residia mais na igreja, mas
em declarações lógicas baseadas em meticulosa pesquisa bíblica. Sacerdotes,
papas e nobres não tinham mais acesso à verdade do que qualquer outra pessoa.
Qualquer um, com esforço e habilidade, poderia compreender a verdade através do
estudo racional das Escrituras.
Modernismo Secular
Com o Iluminismo, o
mundo experimentou uma mudança do modernismo cristão para o modernismo secular.
Começando com René
Descartes (1596-1650), o pai da filosofia moderna, os modernistas seculares
vieram a crer que a chave para a verdade não era o estudo da Bíblia, mas a
dúvida metodológica. O objetivo era eliminar todos os tipos de superstição ao
se expor as falhas de todo pensamento anterior. Isso seria realizado
aplicando-se métodos meticulosos e científicos a todas as questões, inclusive
religiosas. Assim, a verdade seria encontrada no processo científico de
cuidadosa observação e experimentação. A razão humana seria capaz de resolver
qualquer coisa.
Pós-modernismo
Na pós-modernidade, a
verdade não é encontrada primariamente na ciência, na Bíblia ou na igreja; é
encontrada nos relacionamentos, na experiência e na narração de histórias. A
verdade se tornou bastante ilusória. Em vez de “a verdade”, o pós-moderno prefere pensar em “muitas verdades”, uma “variedade de verdades” ou a “verdade
para mim”. Acredita-se que ninguém consegue ter uma compreensão clara e
perfeita da verdade, mas que cada pessoa percebe parte da verdade. Assim, o
resultado são pequenos pedaços de conhecimento.
A construção da
comunidade é, portanto, um componente essencial na busca pós-moderna da
verdade. À medida que cada um compartilha a parte da verdade que experimenta e
conhece, todos se beneficiam disso. No ambiente pós-moderno, construir
comunidade é mais importante que as ideias que antes mantinham as comunidades
juntas. Na pós-modernidade não
há um “centro da verdade” mas vários centros coexistem ao mesmo tempo.
Metafísica
A metafísica é uma
palavra com origem no grego e que significa "o que está para além da
física". É uma doutrina que busca o conhecimento da essência das coisas. O termo metafísica foi
consagrado por Andrônico de Rodes a partir da ordenação dos livros
aristotélicos referidos à ciência dos primeiros princípios e primeiras causas
do ser. Para Aristóteles a
metafísica é, simultaneamente, ontologia, filosofia e teologia, na medida em
que se ocupa do ser supremo dentro da hierarquia dos seres. Neste sentido, foi
recolhida pela filosofia tradicional até Kant, que se interrogou sobre a
possibilidade da metafísica como ciência. A interpretação da
metafísica como estudo do "sobrenatural" é de origem neoplatônica. A
tradição escolástica identificou o objeto de estudo da metafísica com o da
teologia, ainda que tenha distinguido as duas pelos métodos usados: para
explicar Deus, a metafísica recorre à razão e a teologia à revelação. Na Idade Moderna,
ocorre uma clara separação entre a concepção aristotélica e a neoplatônica: a
metafísica como ontologia se converte em teoria das categorias, teoria do
conhecimento e teoria da ciência (epistemologia); como ciência do
transcendental, se converte em teoria da religião e das concepções do mundo. No século XVIII a
metafísica era considerada equivalente a uma explicação racional da realidade e
no século XIX à pura especulação perante o caráter positivo das ciências. A
partir de Heidegger e Jaspers, os pensadores interessados na problemática do
ser se esforçaram por elaborar uma noção de metafísica factível e atual.
Teodiceia
Ramo da filosofia que tenta
demonstrar racionalmente a existência e os atributos de Deus usando apenas a
razão e sem o auxílio de nenhum registro sagrado. A teoria, proposta pelo
filósofo Alemão Gottfried Leibniz em 1710, tenta resolver algumas questões
como: Se Deus é onipresente e onisciente e nada acontece sem a sua permissão,
como é que Ele permite o mal.
G. W. Leibniz “As
perfeições de Deus são aquelas de nossas almas, mas, Ele as possui em ilimitada
medida; Ele é um Oceano, do qual apenas gotas nos são concedidas; há, em nós,
algum poder, algum conhecimento, alguma bondade, mas, em Deus estão em sua
inteireza. Ordem, proporções, harmonia nos encantam; (...) Deus é todo ordem;
Ele sempre mantém a verdade das proporções, Ele torna a harmonia universal;
toda beleza é uma efusão de Seus raios.”
Epicuro, para preservar
a liberdade e evitar uma necessidade absoluta, sustentou, após Aristóteles, que
os futuros contingentes não eram susceptíveis de determinar a verdade. Pois se
era verdade ontem que eu hoje estaria a escrever, então, isso não deixaria de
ocorrer, já seria necessária; e, pela mesma razão, seria desde toda eternidade.
Assim, não aquilo que ocorre é necessário e é impossível que algo diferente
ocorra. Mas, desde que não seja decorreria, de acordo com ele, que os futuros
contingentes não determinam a verdade. Para sustentar essa opinião, Epicuro
chegou a negar o primeiro e maior princípio das verdades de razão; negou que
toda asserção ou era verdadeira ou falsa. Aqui está o modo pelo qual eles o
confundiam: “Tu negas fosse verdade ontem que eu deveria escrever hoje; por
isso, era falso”. O bom homem, não sendo capaz de admitir essa conclusão, foi
obrigado a afirmar que não era nem verdadeiro nem falso. Após isso, ele não
precisou de refutação (...)
“Adão pecou livremente
e (...) Deus viu o seu pecado já ao conceber a própria possibilidade de Adão
que tornou atual de acordo com o grau de permissão divina. É verdade que Adão
estava determinado a pecar em consequência de certas inclinações predominantes
de sua natureza interna: mas essa determinação interna não destrói quer a
contingência quer a liberdade.”
Em Agostinho...
Um dos problemas
recorrentes na História da Filosofia Ocidental é o “problema dos futuros
contingentes”, que tem seu início em Aristóteles, mas que atingiria vários
pensadores até à Modernidade. Durante esse longo percurso, a problemática foi
levantada de diversas formas, dentre essas, na Filosofia Medieval, de cunho
cristã, em que o problema aparece de forma implícita nos debates acerca do
suposto conflito entre a Providência divina e a liberdade humana. E dentre os
pensadores medievais, destaca-se Santo Agostinho.
Embora o termo “futuros
contingentes” não apareça na Literatura Medieval, bem como nos atuais Manuais
de História da Filosofia Medieval, uma vez que só veio a ser cunhado na
Modernidade para designar a discussão em torno da possibilidade de eventos
futuros - não determinados -, o problema em si remonta ao início da História da
Filosofia Ocidental, de forma que muitos foram os filósofos antigos e medievais
que se debruçaram, de forma direta ou indireta, sobre o assunto. Assim sendo, podemos
dizer que a nomenclatura é moderna, mas o problema e as tentativas de resposta,
não. Segundo William Piauí, o problema remonta a Aristóteles quando esse, em
sua ontologia, num primeiro momento, buscando afirmar a necessidade do Ser (de
que tudo é necessário), aceita o princípio parmenidiano segundo o qual “o ser
é, o não-ser não é”, ou que “uma coisa não pode ser e não-ser ao mesmo tempo,
ou nas mesmas condições”, ou que “não se pode atribuir o mesmo valor-de-verdade
aduas coisas contrárias nas mesmas circunstâncias”, ou seja, valores contrários
(verdadeiro e falso) a uma só coisa.
Porém, no Peri
hermeneias ou Deinterpretationes, cap. 9, Aristóteles levanta a possibilidade de
que existam coisas fora da necessidade ou que existem fatos incertos na
natureza (física) e, principalmente, nos atos da vontade humana (moral), deixando
margem para uma discussão entre a necessidade do Ser (determinismo) e a
possibilidade de eventos futuros contingentes (indeterminismo/liberdade). Dentro
dessa lógica, o homem é verdadeiramente livre, pois o fato de Deus prever seus
pecados não significa que o obrigue ou o force a cometê-los, conforme diz
Agostinho: “Deus, sem forçar ninguém a pecar, prevê, contudo, os que hão de
pecar por própria vontade”(De lib. arb. III, 4, 10). Dito isto, Agostinho
mostra que o livre--arbítrio é a única causa do pecado, e não existe uma causa
da causa. Não existe um força determinística extramundana (seja o destino ou
fatalismo natural, ou a presciência divina), nem uma força mundana exterior a
si mesmo (os condicionamentos sóciopolíticos, por exemplo) que impulsione o livre-arbítrio
a cometer o mal. A vontade é livre, antes de tudo, em relação consigo mesma.16
Por isso Bignotto, comentando a liberdade individual em Agostinho, diz: Nele, o
querer é uma faculdade interior, que não precisa se expressar em ação para
possuir sua essência. Podemos obrigar alguém a fazer alguma coisa, mas nunca a
querê-la.
Em descartes...
Dentre as questões que
se ocupa a filosofia, a existência de Deus tem sido, durante séculos, uma
incógnita que intrigou e continua a intrigar pensadores. Dentre os filósofos
que se empenharam na tentativa de provar a existência de Deus, destacamos
Descartes, pois suas reflexões puseram o sagrado ao alcance da razão. Sendo que
durante muito tempo o conhecimento sobre Deus foi exclusivo da religião, cujo
instrumento para o conhecimento é a fé.
Descartes chega a uma
conclusão: pode-se duvidar da existência do corpo, da exatidão dos sentidos, da
existência de Deus, do mundo, dos outros seres e objetos, porém não se pode
duvidar da ação de duvidar, ou seja, não se pode duvidar do fato de estarmos
duvidando. Se estivermos duvidando, estaremos pensando. Diz Descartes: “o
pensamento é um atributo que me pertence; somente ele não pode ser separado de
mim” (Descartes, Meditações). A própria existência é confirmada através do
pensamento. O que somos? Somos alguma coisa que pensa. O pensamento é a única pedra
segura na qual se pode alicerçar um edifício. Essa reflexão leva a sua mais
famosa frase – cogito ergo sum – penso logo existo. Somente por meio da razão
se pode chegar a algo confiável.
Descartes defende a
existência de ideias inatas em nossa mente, como o cogito ergo sum, sendo
percebido principalmente em relação a existência de Deus. Deus existe para
Descartes por existir em nós a ideia de perfeição, quando não somos perfeitos;
a ideia de infinito, quando somos finitos, etc. Não poderíamos ser os autores
dessas ideias, uma vez que não existem em nós essas qualidades. Faz-se
necessário que alguém tenha colocado essas ideias em nós. Ainda, se não sou o
criador de mim mesmo, logo sou criado. Ser criado requer a existência de um
criador, da mesma forma que ser imperfeito e finito requer a existência de algo
perfeito e infinito.
Assim, Deus deixa de
ser um objeto da fé e passa a ser um objeto da razão, podendo a filosofia
compreender este fenômeno a partir do uso do seu mais forte instrumento,
segundo Descartes, o pensamento. Dessa forma, o pensamento lógico pode formular
uma hipótese da existência de Deus, sendo uma ideia atingida pelo exercício do
pensamento e não apenas uma ideia fruto da crença mítica de explicações vazias,
cujo fundamento se alicerça exclusivamente na tradição, dependente da fé
ingênua, que não resiste ao questionamento. Na filosofia Deus pode ser
discutido.
A Bíblia declara...
“Toda a boa dádiva e
todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há
mudança nem sombra de variação. Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela
palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas.” Tiago
1:17,18
Deus é imutável em Sua
essência, Sua natureza e Seu ser são infinitos e,
assim, não são sujeitos a mutação
alguma, jamais houve tempo quando Ele não era; jamais virá tempo quando Ele
deixará de ser. Deus não evoluiu, nem cresceu, nem melhorou. Tudo que Ele é
hoje, sempre foi e sempre será. '...eu, o Senhor, não mudo...” (Malaquias 3:6)
é a Sua afirmação categórica. Ele não pode mudar para melhor, pois já é
perfeito; e, sendo perfeito, não pode mudar para pior. Completamente imune de
tudo quanto Lhe é alheio, é impossível melhoramento ou deterioração. Ele é
perpetuamente o mesmo. Somente Ele pode dizer: '...EU SOU O QUE SOU...' (Êxodo
3:14). Ele é absolutamente livre da influência do curso do tempo.
“O Deus que fez o mundo
e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos
feitos por mãos de homens; Nem tampouco é servido por mãos de homens, como que
necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a
respiração, e todas as coisas; E de um só sangue fez toda a geração dos homens,
para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes
ordenados, e os limites da sua habitação; Para que buscassem ao Senhor, se
porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de
nós; Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos
vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração.” Atos 17:24-28
Bibliografia:
GEISLER, Norman. TUREK, Frank. Não Tenho
Fé Suficiente para Ser Ateu. Ed. Vida.
SAYÃO, Luiz Alberto Teixeira. Cabeças feitas:
filosofia prática para Cristãos. Ed. Hagnos
SCHAEFFER, Francis A. A Morte da Razão. Editora
Cultura Cristã.
SCHAEFFER, Francis A. O Deus que
Intervém. Editora Cultura Cristã.
SCHAEFFER, Francis A. O Deus que se Revela.
Editora Cultura Cristã.
SCHAEFFER, Francis A. Como viveremos? Editora
Cultura Cristã.
SCHAEFFER, Francis A. Morte na cidade. Editora
Cultura Cristã.
GRENZ, Stanley J. Pós-modernismo. Ed.
Vida Nova.
BAUMAN, Zygmunt. O Mal-Estar Da
Pós-Modernidade. Ed. Zahar
KIVITZ, Ed René. Outra Espiritualidade.
Ed Mundo Cristão.
SALLY, Sedgwick. Fundamentação da
Metafísica Dos Costumes. Ed Vozes.
AGOSTINHO, Santo. O Livre-arbítrio. Ed.
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DESCARTES, René. Meditações Metafísicas. Ed.
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