A influência da Reforma
é distinta nas diferentes igrejas, mas é reconhecida amplamente. Ela ocorreu e
ocorre em todos os momentos da caminhada na fé.
“Então veio o Espírito
de Deus sobre Azarias, filho de Odede. E saiu ao encontro de Asa, e disse-lhe:
Ouvi-me, Asa, e todo o Judá e Benjamim: O Senhor está convosco, enquanto vós
estais com ele, e, se o buscardes, o achareis; porém, se o deixardes, vos
deixará. E Israel esteve por muitos dias sem o verdadeiro Deus, e sem sacerdote
que o ensinasse, e sem lei. Mas quando na sua angústia voltaram para o Senhor
Deus de Israel, e o buscaram, o acharam. E naqueles tempos não havia paz, nem
para o que saía, nem para o que entrava, mas muitas perturbações sobre todos os
habitantes daquelas terras. Porque nação contra nação e cidade contra cidade se
despedaçavam; porque Deus os perturbara com toda a angústia. Mas esforçai-vos,
e não desfaleçam as vossas mãos; porque a vossa obra tem uma recompensa.
Ouvindo, pois, Asa estas palavras, e a profecia do profeta Odede, cobrou ânimo
e tirou as abominações de toda a terra, de Judá e de Benjamim, como também das
cidades que tomara nas montanhas de Efraim, e renovou o altar do Senhor, que
estava diante do pórtico do Senhor.” 2ª Crônicas 15:1-8
O rei Asa foi rei de
Judá e sua história está relatada na bíblia. Ele era neto de Absalão e neto do
rei Davi. Seu reinado é conhecido por não ter havido guerras até o trigésimo
quinto ano (de um total de quarenta e um), ele promoveu reformas religiosas mas
foi desobediente ao Senhor no final de sua vida e viveu por volta de 912 a 871
AC.
A reforma religiosa
inclui remoção de altares estranhos, fidelidade a Deus, ordens de que o povo de
Judá buscasse ao Senhor, edificação de cidades, inclusive, depôs contra a sua
própria mãe porque ela havia praticado a idolatria.
No dia 31 de outubro de
1517, Martinho Lutero fixou nas portas da Igreja de Wittenberg, na Alemanha, as
95 teses contra a venda de indulgências. A data marca o início da Reforma
Protestante e de um novo momento na história da humanidade.
Na educação, os
impactos foram determinantes. Na Idade Média, a igreja era a única responsável
pela organização e manutenção da educação escolar. A partir do século 16,
surgiram as nações-estados, que se opuseram ao poderio universal do papa e
formou-se a classe média.
Mudança social
traz desafios.
Neste contexto, os
movimentos da Renascença e da Reforma são precursores de profundas mudanças na
concepção de ensino. “A educação começa a visar de modo claro e definido à
formação integral do homem, o seu desenvolvimento intelectual, moral e físico”.
A contribuição da
Reforma no contexto educacional é tamanha que, de acordo com o educador
espanhol Lorenzo Luzuriaga, a educação pública teve origem nesta época. O
movimento já estimulava a educação pública, universal e gratuita, para quem não
poderia custeá-la.
Nos séculos 14 e 15
alguns movimentos esporádicos de protestos surgiram contra os ensinos e
práticas da Igreja medieval e alguns líderes foram chamados de
pré-reformadores: João Wycliff (1325-1384), João Huss (1372-1415) e Jerônimo
Savonarola (1452-1498), por combaterem irregularidades e imoralidades do clero,
condenar superstições, peregrinações, veneração de santos, celibato e as
pretensões papais.
Muita convulsão
política, social e religiosa havia no final da idade média, revoltas dos
camponeses, guerras, epidemias, o declínio do feudalismo e da liderança dos
Papas e da Igreja. A população se ressentia dos abusos da Igreja e da sua falta
de propósitos e corrupção.
Quando o dominicano
Tetzel foi vender indulgências em Wittemberg, Martinho Lutero (1483-1546), se
pronunciou contrário. Lutero, natural de Eisleben, ingressou no mosteiro de
Erfurt e tornou-se professor na Universidade de Wittemberg. Diante das indulgências,
ele afixou na porta da Igreja da cidade, em 31 de outubro de 1517, 95 Teses ou
convites para o debate na comunidade acadêmica, desafiando a autoridade da
Igreja. Por isso, foi acusado de heresia e chamado a Roma, em 1518, mas
recusou-se a ir e manteve suas posições. Em 1519, participou de debate e
afirmou que o “infalível” Papa podia errar.
Ocorreram guerras
político-religiosas entre católicos e protestantes, de 1546 a 1555, findando
com o tratado de “Paz de Augsburgo”, reconhecendo a legalidade do luteranismo
como religião oficial de um território cujo príncipe a adotasse como tal.
O
protestantismo se espalhou pela Suécia, Dinamarca, Noruega e Islândia. Foram
defendidos princípios básicos que caracterizaram as convicções e práticas
protestantes: os cinco “Solas”: Sola Scriptura (somente as Escrituras), solus
Christo (salvação somente em Cristo), sola gratia (salvação somente pela graça
divina), sola fides (salvação somente pela fé), soli Deo gloria (glória dada
somente a Deus), além do sacerdócio universal dos cristãos.
Outro reformador que
marcou época foi Ulrico Zwínglio (1484-1531), reformador da Suíça, no movimento
chamado “segunda Reforma” que deu origem às Igrejas Reformadas na Suíça alemã e
no sul da Alemanha, promovendo mudanças mais radicais que os luteranos.
Os reformadores
radicais ou Anabatistas (rebatizadores) geraram o "terceiro movimento reformado",
também em Zurique, Suíça, sendo mais fanáticos, entusiastas e radicais. Os
anabatistas defenderam a separação completa entre igreja e estado.
O grande reformador do
século 16 foi João Calvino (1509-1564), francês que se refugiou em Genebra,
estudou teologia e humanidades, Direito. Esteve em Genebra por duas vezes, de
1536 a 1538, e de 1541 até ao final de sua vida. A cidade se tornou o grande
centro do protestantismo e preparou líderes para toda a Europa, além de abrigar
muitos refugiados das guerras religiosas.
Sociologia e Reforma Protestante.
A Reforma contribuiu
também para a criação da ética individualista que caracteriza o mundo moderno.
Uma vez que os protestantes, aos contrário dos católicos, não tinham nenhum
intérprete oficial das Escrituras, ficava a cargo do indivíduo a responsabilidade
de interpretar a Bíblia (doutrina do sacerdócio universal).
Muitos protestantes desenvolveram a autoconfiança e
segurança que distinguem o indivíduo moderno. A ênfase protestante no
julgamento privado em questões religiosas e na convicção pessoal interna
acentuou a importância do indivíduo e ajudou a moldar o novo homem europeu do
período moderno.
Ao ressaltar a
consciência individual, a Reforma pode ter contribuído para o desenvolvimento
do espírito capitalista, que fundamenta a economia moderna. Assim argumentou o
sociólogo alemão Max Weber em “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”.
Weber admitia que o capitalismo já existia na Europa antes da Reforma; os
banqueiros mercadores das cidades italiana e alemãs medievais, por exemplo,
estavam envolvidos em atividades capitalistas. Mas, segundo ele, o
protestantismo (sobretudo o calvinismo) tornou o capitalismo mais dinâmico. Os
homens de negócio protestantes acreditavam ter a obrigação religiosa de
enriquecer, e sua fé lhes dava autodisciplina necessária para isso. Convencidos
de que a prosperidade era uma bênção de Deus e a pobreza sua maldição, os
calvinistas tinham o estímulo espiritual para trabalhar com diligência e evitar
a preguiça. os calvinistas consideravam o trabalho árduo, o empenho, a
obediência, a eficiência, como sinais de sua eleição. O protestantismo valorizava
a força interior, a autodisciplina e o comportamento sóbrio e metódico –
atributos necessários a uma classe média em busca de sucesso num mundo
altamente competitivo.
Romanos e os Reformadores
Todos os reformadores
da igreja viam Romanos como sendo a chave divina para o entendimento de toda a
Escritura, já que aqui Paulo une todos os grandes temas da Bíblia: pecado, lei,
julgamento, destino humano, fé, obras, graça de Deus, justificação, eleição, o
plano de salvação, a obra de Cristo e do Espírito Santo, a esperança cristã, a
natureza e vida da igreja, o lugar do judeu e do gentio nos propósitos de Deus,
a filosofia da igreja e a história do mundo, a mensagem do Antigo Testamento,
os deveres da cidadania cristã e os princípios de retidão e moralidade pessoal.
Lutero e Wesley, se
converteram e viveram a firmeza da fé através do impacto da carta aos Romanos
em suas vidas.
Martinho Lutero
(1483-1546)
O momento decisivo na
vida de Lutero foi a descoberta que a justiça de Deus, como descrita na Carta
aos Romanos não era uma justiça que julga e faz exigências, mas a justiça dada
por Deus em graça. Através dos estudos na Epístola aos Romanos teve seu
encontro com Deus e pode trabalhar a Reforma da Igreja.
John Wesley (1703-1791)
O coração de Wesley foi
aquecido ao ouvir um estudo sobre a Carta aos Romanos. No dia 24 Maio de 1738,
Wesley foi a uma sociedade moraviana perto da Rua Aldersgate. Ali John Wesley experimentou a sua conversão,
que ele descreveu no seu Jornal: “Ao entardecer eu fui sem grande vontade a uma
sociedade na Rua de Aldersgate, onde alguém estava a ler o prefácio de Lutero à
Epístola aos Romanos. Cerca de um quarto para as nove, enquanto ele estava a
descrever a mudança que Deus opera no coração através da fé em Cristo, eu senti
o meu coração estranhamente aquecido. Eu senti que confiava em Cristo, somente
em Cristo para a salvação; e uma certeza foi-me dada que Ele havia retirado os
meus pecados, mesmo os meus, e me havia salva da lei do pecado e da morte.”
Aproveito para citar:
“Sabemos que Deus age
em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de
acordo com o seu propósito.” Romanos 8:28
“Pois estou convencido
de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro,
nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na
criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus,
nosso Senhor.” Romanos 8:38,39
Uma dica para nosso tempo:
“Não se amoldem ao
padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que
sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade
de Deus.” Romanos 12:2
SANTOS,
Vantuil G. dos Santos. Martinho Lutero Época Vida Legado 500 Anos Reforma. Editora
CPAD.
WEBER,
Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. Editora Martin Claret.
PERRY,
Marvin. Civilização Ocidental: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes.
DELUMEAU,
Jean. Nascimento e Afirmação da Reforma. São Paulo: Pioneira
Deus continue abençoando sua vida Profissional Rodrigo... Lucas Archetti
ResponderExcluirExcelente.muito bom .
ResponderExcluirSão informações preciosas.
Obrigado.Deus abençoe