sexta-feira, 13 de outubro de 2017

2017 e os 500 anos da Reforma


A influência da Reforma é distinta nas diferentes igrejas, mas é reconhecida amplamente. Ela ocorreu e ocorre em todos os momentos da caminhada na fé.

“Então veio o Espírito de Deus sobre Azarias, filho de Odede. E saiu ao encontro de Asa, e disse-lhe: Ouvi-me, Asa, e todo o Judá e Benjamim: O Senhor está convosco, enquanto vós estais com ele, e, se o buscardes, o achareis; porém, se o deixardes, vos deixará. E Israel esteve por muitos dias sem o verdadeiro Deus, e sem sacerdote que o ensinasse, e sem lei. Mas quando na sua angústia voltaram para o Senhor Deus de Israel, e o buscaram, o acharam. E naqueles tempos não havia paz, nem para o que saía, nem para o que entrava, mas muitas perturbações sobre todos os habitantes daquelas terras. Porque nação contra nação e cidade contra cidade se despedaçavam; porque Deus os perturbara com toda a angústia. Mas esforçai-vos, e não desfaleçam as vossas mãos; porque a vossa obra tem uma recompensa. Ouvindo, pois, Asa estas palavras, e a profecia do profeta Odede, cobrou ânimo e tirou as abominações de toda a terra, de Judá e de Benjamim, como também das cidades que tomara nas montanhas de Efraim, e renovou o altar do Senhor, que estava diante do pórtico do Senhor.” 2ª Crônicas 15:1-8

O rei Asa foi rei de Judá e sua história está relatada na bíblia. Ele era neto de Absalão e neto do rei Davi. Seu reinado é conhecido por não ter havido guerras até o trigésimo quinto ano (de um total de quarenta e um), ele promoveu reformas religiosas mas foi desobediente ao Senhor no final de sua vida e viveu por volta de 912 a 871 AC.

A reforma religiosa inclui remoção de altares estranhos, fidelidade a Deus, ordens de que o povo de Judá buscasse ao Senhor, edificação de cidades, inclusive, depôs contra a sua própria mãe porque ela havia praticado a idolatria.

No dia 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero fixou nas portas da Igreja de Wittenberg, na Alemanha, as 95 teses contra a venda de indulgências. A data marca o início da Reforma Protestante e de um novo momento na história da humanidade.

Na educação, os impactos foram determinantes. Na Idade Média, a igreja era a única responsável pela organização e manutenção da educação escolar. A partir do século 16, surgiram as nações-estados, que se opuseram ao poderio universal do papa e formou-se a classe média.

Mudança social traz desafios.

Neste contexto, os movimentos da Renascença e da Reforma são precursores de profundas mudanças na concepção de ensino. “A educação começa a visar de modo claro e definido à formação integral do homem, o seu desenvolvimento intelectual, moral e físico”.

A contribuição da Reforma no contexto educacional é tamanha que, de acordo com o educador espanhol Lorenzo Luzuriaga, a educação pública teve origem nesta época. O movimento já estimulava a educação pública, universal e gratuita, para quem não poderia custeá-la.

Nos séculos 14 e 15 alguns movimentos esporádicos de protestos surgiram contra os ensinos e práticas da Igreja medieval e alguns líderes foram chamados de pré-reformadores: João Wycliff (1325-1384), João Huss (1372-1415) e Jerônimo Savonarola (1452-1498), por combaterem irregularidades e imoralidades do clero, condenar superstições, peregrinações, veneração de santos, celibato e as pretensões papais.

Muita convulsão política, social e religiosa havia no final da idade média, revoltas dos camponeses, guerras, epidemias, o declínio do feudalismo e da liderança dos Papas e da Igreja. A população se ressentia dos abusos da Igreja e da sua falta de propósitos e corrupção.

Quando o dominicano Tetzel foi vender indulgências em Wittemberg, Martinho Lutero (1483-1546), se pronunciou contrário. Lutero, natural de Eisleben, ingressou no mosteiro de Erfurt e tornou-se professor na Universidade de Wittemberg. Diante das indulgências, ele afixou na porta da Igreja da cidade, em 31 de outubro de 1517, 95 Teses ou convites para o debate na comunidade acadêmica, desafiando a autoridade da Igreja. Por isso, foi acusado de heresia e chamado a Roma, em 1518, mas recusou-se a ir e manteve suas posições. Em 1519, participou de debate e afirmou que o “infalível” Papa podia errar.

Ocorreram guerras político-religiosas entre católicos e protestantes, de 1546 a 1555, findando com o tratado de “Paz de Augsburgo”, reconhecendo a legalidade do luteranismo como religião oficial de um território cujo príncipe a adotasse como tal. 

O protestantismo se espalhou pela Suécia, Dinamarca, Noruega e Islândia. Foram defendidos princípios básicos que caracterizaram as convicções e práticas protestantes: os cinco “Solas”: Sola Scriptura (somente as Escrituras), solus Christo (salvação somente em Cristo), sola gratia (salvação somente pela graça divina), sola fides (salvação somente pela fé), soli Deo gloria (glória dada somente a Deus), além do sacerdócio universal dos cristãos.

Outro reformador que marcou época foi Ulrico Zwínglio (1484-1531), reformador da Suíça, no movimento chamado “segunda Reforma” que deu origem às Igrejas Reformadas na Suíça alemã e no sul da Alemanha, promovendo mudanças mais radicais que os luteranos.

Os reformadores radicais ou Anabatistas (rebatizadores) geraram o "terceiro movimento reformado", também em Zurique, Suíça, sendo mais fanáticos, entusiastas e radicais. Os anabatistas defenderam a separação completa entre igreja e estado.

O grande reformador do século 16 foi João Calvino (1509-1564), francês que se refugiou em Genebra, estudou teologia e humanidades, Direito. Esteve em Genebra por duas vezes, de 1536 a 1538, e de 1541 até ao final de sua vida. A cidade se tornou o grande centro do protestantismo e preparou líderes para toda a Europa, além de abrigar muitos refugiados das guerras religiosas.

Sociologia e Reforma Protestante.

A Reforma contribuiu também para a criação da ética individualista que caracteriza o mundo moderno. Uma vez que os protestantes, aos contrário dos católicos, não tinham nenhum intérprete oficial das Escrituras, ficava a cargo do indivíduo a responsabilidade de interpretar a Bíblia (doutrina do sacerdócio universal).

Muitos protestantes desenvolveram a autoconfiança e segurança que distinguem o indivíduo moderno. A ênfase protestante no julgamento privado em questões religiosas e na convicção pessoal interna acentuou a importância do indivíduo e ajudou a moldar o novo homem europeu do período moderno.

Ao ressaltar a consciência individual, a Reforma pode ter contribuído para o desenvolvimento do espírito capitalista, que fundamenta a economia moderna. Assim argumentou o sociólogo alemão Max Weber em “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”. Weber admitia que o capitalismo já existia na Europa antes da Reforma; os banqueiros mercadores das cidades italiana e alemãs medievais, por exemplo, estavam envolvidos em atividades capitalistas. Mas, segundo ele, o protestantismo (sobretudo o calvinismo) tornou o capitalismo mais dinâmico. Os homens de negócio protestantes acreditavam ter a obrigação religiosa de enriquecer, e sua fé lhes dava autodisciplina necessária para isso. Convencidos de que a prosperidade era uma bênção de Deus e a pobreza sua maldição, os calvinistas tinham o estímulo espiritual para trabalhar com diligência e evitar a preguiça. os calvinistas consideravam o trabalho árduo, o empenho, a obediência, a eficiência, como sinais de sua eleição. O protestantismo valorizava a força interior, a autodisciplina e o comportamento sóbrio e metódico – atributos necessários a uma classe média em busca de sucesso num mundo altamente competitivo.

Romanos e os Reformadores

Todos os reformadores da igreja viam Romanos como sendo a chave divina para o entendimento de toda a Escritura, já que aqui Paulo une todos os grandes temas da Bíblia: pecado, lei, julgamento, destino humano, fé, obras, graça de Deus, justificação, eleição, o plano de salvação, a obra de Cristo e do Espírito Santo, a esperança cristã, a natureza e vida da igreja, o lugar do judeu e do gentio nos propósitos de Deus, a filosofia da igreja e a história do mundo, a mensagem do Antigo Testamento, os deveres da cidadania cristã e os princípios de retidão e moralidade pessoal.

Lutero e Wesley, se converteram e viveram a firmeza da fé através do impacto da carta aos Romanos em suas vidas.

Martinho Lutero (1483-1546)

O momento decisivo na vida de Lutero foi a descoberta que a justiça de Deus, como descrita na Carta aos Romanos não era uma justiça que julga e faz exigências, mas a justiça dada por Deus em graça. Através dos estudos na Epístola aos Romanos teve seu encontro com Deus e pode trabalhar a Reforma da Igreja. 

John Wesley (1703-1791)

O coração de Wesley foi aquecido ao ouvir um estudo sobre a Carta aos Romanos. No dia 24 Maio de 1738, Wesley foi a uma sociedade moraviana perto da Rua Aldersgate.  Ali John Wesley experimentou a sua conversão, que ele descreveu no seu Jornal: “Ao entardecer eu fui sem grande vontade a uma sociedade na Rua de Aldersgate, onde alguém estava a ler o prefácio de Lutero à Epístola aos Romanos. Cerca de um quarto para as nove, enquanto ele estava a descrever a mudança que Deus opera no coração através da fé em Cristo, eu senti o meu coração estranhamente aquecido. Eu senti que confiava em Cristo, somente em Cristo para a salvação; e uma certeza foi-me dada que Ele havia retirado os meus pecados, mesmo os meus, e me havia salva da lei do pecado e da morte.”

Aproveito para citar:

Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito.” Romanos 8:28

Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.” Romanos 8:38,39

Uma dica para nosso tempo:

“Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” Romanos 12:2

SANTOS, Vantuil G. dos Santos. Martinho Lutero Época Vida Legado 500 Anos Reforma. Editora CPAD.
WEBER, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. Editora Martin Claret.
PERRY, Marvin. Civilização Ocidental: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes.
DELUMEAU, Jean. Nascimento e Afirmação da Reforma. São Paulo: Pioneira


2 comentários:

  1. Deus continue abençoando sua vida Profissional Rodrigo... Lucas Archetti

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  2. Excelente.muito bom .
    São informações preciosas.
    Obrigado.Deus abençoe

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