O que é Contracultura? O
que é ser Igreja? Qual o papel da Teologia na Contracultura?
“Quanto à antiga
maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem, que se
corrompe por desejos enganosos, a serem renovados no modo de pensar e a
revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em
santidade provenientes da verdade. Portanto, cada um de vocês deve abandonar a
mentira e falar a verdade ao seu próximo, pois todos somos membros de um mesmo
corpo. "Quando vocês ficarem irados, não pequem". Apazigüem a sua ira
antes que o sol se ponha, e não dêem lugar ao diabo. O que furtava não furte
mais; antes trabalhe, fazendo algo de útil com as mãos, para que tenha o que
repartir com quem estiver em necessidade.” Efésios 4:22-28 (NVI)
A igreja é uma maneira
alternativa de viver junto em comunidade!
Na tarefa de recuperar
a compreensão do significado de igreja no Novo Testamento, a teologia nos será
uma grande aliada. Em “Conformando-se à Cultura ou Tornando-se Igreja”, Ronald
J. Sider, apresenta seis pontos fundamentais nesse processo. Em Primeiro lugar,
Jesus é a fonte, o centro e o Senhor da Igreja. Segundo, a igreja é santa.
Terceiro, ela é uma comunidade, e não um bando de peregrinos errantes. Quarto,
precisamente por se submeter às leis do reino de Jesus, a igreja representa um
movimento de contracultura, vivendo um estilo de vida que desafia os valores e
costumes do mundo. Quinto, disponibilidade e prestação de contas são elementos
essenciais dentro dessa nova ordem social. Sexto, a igreja só se tornará essa
nova ordem social justa pelo poder do Espírito.
Cultura é o cultivo de
hábitos, interesses, língua e vida artística de uma nação: histórias, símbolos,
estruturas de poder, estruturas organizacionais, sistemas de controle, rituais
e rotinas, tudo o que caracteriza uma realidade social de um povo ou nação,
enfim tudo que o ser humano produz é cultura.
A contracultura pode
ser definida como um ideário que questiona valores centrais vigentes e
instituídos na cultura ocidental.
Na década de 1950,
surgiu nos Estados Unidos um dos primeiros movimentos da contracultura: a Beat
Generation (Geração Beat ou geração que protesta). Os Beatniks eram jovens
intelectuais, principalmente artistas e escritores, que contestavam o
consumismo e o otimismo do pós-guerra americano, o anticomunismo generalizado e
a falta de pensamento crítico.
Contracultura é um
movimento que teve seu auge na década de 1960, quando teve lugar um estilo de
mobilização e contestação social e utilizando novos meios de comunicação em
massa. Jovens inovando estilos, voltando-se mais para o anti-social aos olhos
das famílias mais conservadoras, com um espírito mais libertário, resumido como
uma cultura underground, cultura alternativa ou cultura marginal, focada
principalmente nas transformações da consciência, dos valores e do
comportamento, na busca de outros espaços e novos canais de expressão para o
indivíduo e pequenas realidades do cotidiano, embora o movimento Hippie, que
representa esse auge, almejasse a transformação da sociedade como um todo,
através da tomada de consciência, da mudança de atitude e do protesto político.
A Contracultura era um
movimento político-cultural de caráter libertário que surgiu do confronto entre
a cultura e a visão juvenil, indo contra alguns valores morais da cultura
ocidental, que padronizados denotam o controle social institucionalizado e
totalitário, tais como: maneira de pensar, comportamento sexual e social.
Na arte, o movimento
tomou forma, se expandiu, penetrando todas as camadas sociais, homens, mulheres
(principalmente os jovens). Foi junto da música quebrando barreiras conceituais
e convencionais que conseguiu atingir os diversos grupos sociais. De um lado o
termo contracultura pode se referir ao conjunto de movimentos de rebelião da
juventude dos anos 60, do outro, uma coisa mais geral, abstrata, um certo modo
de contestação.
A Igreja é um movimento
de contracultura!
“Não se amoldem ao
padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que
sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade
de Deus.” Romanos 12:2 (NVI)
A igreja não deve ser
apenas diferente, ela deve estar muito além do resto da sociedade, isso à luz
do que diz o novo testamento sobre o caráter multiétnico da igreja.
A igreja é uma nova
ordem social visível, uma comunidade radical que representa um desafio à
insanidade sexual, ao preconceito racial e social e à injustiça econômica que
permeiam a sociedade.
“Assim resplandeça a
vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem
a vosso Pai, que está nos céus.” Mateus 5:16
A igreja é
profundamente contracultura. Isso não significa que a cultura em si seja algo
ruim A cultura faz parte da boa criação de Deus. O Criador nos fez à sua imagem
e nos deu ferramentas para explorarmos o mundo material – arte, música e
civilizações complexas e belas. Todas essas coisas são boas, mas a queda
corrompeu tudo. O pecado espalhou-se por todos os campos da cultura.
O chamado para ser uma
comunidade contracultural aparece em todo o Novo Testamento. Precisamos fazer
parte da contracultura exatamente porque amamos a cultura:
“Aguardando a
bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso
Senhor Jesus Cristo; O qual se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a
iniqüidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras.”
Tito 2:13,14
“Tendo o vosso viver
honesto entre os gentios; para que, naquilo em que falam mal de vós, como de
malfeitores, glorifiquem a Deus no dia da visitação, pelas boas obras que em
vós observem.” 1ª Pedro 2:12
“A saber, que os
gentios são co-herdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em
Cristo pelo evangelho; Do qual fui feito ministro, pelo dom da graça de Deus,
que me foi dado segundo a operação do seu poder. A mim, o mínimo de todos os
santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do
evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo, E demonstrar a todos qual
seja a comunhão do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que
tudo criou por meio de Jesus Cristo; Para que agora, pela igreja, a multiforme
sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus,”
Efésios 3:6-10
Nesse contexto, a Teologia da Missão
Integral (TMI) é um conceito que vem sendo abraçada por diversas igrejas
evangélicas e que sugere a aplicação dos princípios do Evangelho em todas as
áreas da vida, incentivando o evangelismo que pregue a Palavra e que ofereça
assistência social, psicológica e espiritual.
TMI deu origem ao
conceito do “Evangelho todo, para o homem todo, para todos os homens”, que é
“compreendido como o poder de Deus para a Salvação de todo o que crê, assim
como o poder de Deus para interferir na estrutura da sociedade, para dar
sobrevida à humanidade, pela promoção da justiça”.
É uma “teologia da
Práxis, isto é, reflexão teológica sobre a ação da igreja, como propagadora do
Evangelho, no cotidiano da sociedade em que está incrustada”.
Práxis é uma palavra
com origem no termo em grego praxis que significa conduta ou ação. Corresponde
a uma atividade prática em oposição à teoria. Este termo é abordado por vários
campos de conhecimento, como filosofia e psicologia, que classificam práxis
como uma atividade voluntária orientada para um determinado fim ou resultado.
Vários pensadores mencionaram o conceito de práxis nas suas obras, como Karl
Marx e Jean Paul Sartre.
“Porque Deus não é
injusto para se esquecer da vossa obra, e do trabalho do amor que para com o
seu nome mostrastes, enquanto servistes aos santos; e ainda servis.” Hebreus
6:10
Você pode estar pensando: Como ter "força e sabedoria" para ser esta expressão do Reino?
Eis a resposta:
“Mas, quando vier
aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará
de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir.”
João 16:13
“Porque Deus, que disse
que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,
para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. Temos,
porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de
Deus, e não de nós. Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos,
mas não desanimados. Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não
destruídos;” 2ª Coríntios 4:6-9
*Sugiro ainda, a leitura de dois outros artigos meus:
"Arte e A Fé Cristã", onde aparece boa argumentação e uma excelente bibliografia. Acesse através do link:
"Arte e A Fé Cristã", onde aparece boa argumentação e uma excelente bibliografia. Acesse através do link:
http://rodrigoartigos.blogspot.com.br/2017/10/a-arte-e-fe-crista.html
e
"Justiça Social e a Bíblia" através do link:
http://rodrigoartigos.blogspot.com.br/2017/09/a-justica-social-e-biblia.html
e
"Justiça Social e a Bíblia" através do link:
http://rodrigoartigos.blogspot.com.br/2017/09/a-justica-social-e-biblia.html
Bibliografia:
JACOBS, Cindys. Manifesto da Reforma.
Ed. Vida.
STOTT, John. A mensagem do sermão do
monte – contracultura cristã. Ed. Ultimato.
MACARTHUR, John. Pense Biblicamente. Ed.
Hagnos.
COLSON, Charles. PEARCEY, Nancy. O
cristão na cultura de hoje. Ed. CPAD.
CAVALCANTI, Robinson. A Igreja, o país e
o mundo. Ed. Ultimato.
PADILLA, C. René. O Que é Missão
Integral? Ed. Ultimato.
RAMOS, Ariovaldo. Nossa Igreja
Brasileira. Ed. Hagnos.
SIDER, Ronald J. O Escândalo do
Comportamento Evangélico. Ed. Ultimato.
LOPES, Hernandes Dias. Morte na panela.
Ed. Hagnos.
TILLICH, Paul. História do Pensamento
Cristão. Ed. Aste.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: Um
Conceito Antropológico. Ed. Zahar.
LAPLANTINE, François. Aprender
Antropologia. Ed. Brasiliense.
LIMA,Walter M. Educação e Razão
Dialética - Jean-paul Sartre. Ed. Edufal
Nenhum comentário:
Postar um comentário