quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Igreja: Movimento de Contracultura.


O que é Contracultura? O que é ser Igreja? Qual o papel da Teologia na Contracultura?

“Quanto à antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos, a serem renovados no modo de pensar e a revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade. Portanto, cada um de vocês deve abandonar a mentira e falar a verdade ao seu próximo, pois todos somos membros de um mesmo corpo. "Quando vocês ficarem irados, não pequem". Apazigüem a sua ira antes que o sol se ponha, e não dêem lugar ao diabo. O que furtava não furte mais; antes trabalhe, fazendo algo de útil com as mãos, para que tenha o que repartir com quem estiver em necessidade.” Efésios 4:22-28 (NVI)

A igreja é uma maneira alternativa de viver junto em comunidade!

Na tarefa de recuperar a compreensão do significado de igreja no Novo Testamento, a teologia nos será uma grande aliada. Em “Conformando-se à Cultura ou Tornando-se Igreja”, Ronald J. Sider, apresenta seis pontos fundamentais nesse processo. Em Primeiro lugar, Jesus é a fonte, o centro e o Senhor da Igreja. Segundo, a igreja é santa. Terceiro, ela é uma comunidade, e não um bando de peregrinos errantes. Quarto, precisamente por se submeter às leis do reino de Jesus, a igreja representa um movimento de contracultura, vivendo um estilo de vida que desafia os valores e costumes do mundo. Quinto, disponibilidade e prestação de contas são elementos essenciais dentro dessa nova ordem social. Sexto, a igreja só se tornará essa nova ordem social justa pelo poder do Espírito.

Cultura é o cultivo de hábitos, interesses, língua e vida artística de uma nação: histórias, símbolos, estruturas de poder, estruturas organizacionais, sistemas de controle, rituais e rotinas, tudo o que caracteriza uma realidade social de um povo ou nação, enfim tudo que o ser humano produz é cultura.

A contracultura pode ser definida como um ideário que questiona valores centrais vigentes e instituídos na cultura ocidental.

Na década de 1950, surgiu nos Estados Unidos um dos primeiros movimentos da contracultura: a Beat Generation (Geração Beat ou geração que protesta). Os Beatniks eram jovens intelectuais, principalmente artistas e escritores, que contestavam o consumismo e o otimismo do pós-guerra americano, o anticomunismo generalizado e a falta de pensamento crítico.

Contracultura é um movimento que teve seu auge na década de 1960, quando teve lugar um estilo de mobilização e contestação social e utilizando novos meios de comunicação em massa. Jovens inovando estilos, voltando-se mais para o anti-social aos olhos das famílias mais conservadoras, com um espírito mais libertário, resumido como uma cultura underground, cultura alternativa ou cultura marginal, focada principalmente nas transformações da consciência, dos valores e do comportamento, na busca de outros espaços e novos canais de expressão para o indivíduo e pequenas realidades do cotidiano, embora o movimento Hippie, que representa esse auge, almejasse a transformação da sociedade como um todo, através da tomada de consciência, da mudança de atitude e do protesto político.

A Contracultura era um movimento político-cultural de caráter libertário que surgiu do confronto entre a cultura e a visão juvenil, indo contra alguns valores morais da cultura ocidental, que padronizados denotam o controle social institucionalizado e totalitário, tais como: maneira de pensar, comportamento sexual e social.

Na arte, o movimento tomou forma, se expandiu, penetrando todas as camadas sociais, homens, mulheres (principalmente os jovens). Foi junto da música quebrando barreiras conceituais e convencionais que conseguiu atingir os diversos grupos sociais. De um lado o termo contracultura pode se referir ao conjunto de movimentos de rebelião da juventude dos anos 60, do outro, uma coisa mais geral, abstrata, um certo modo de contestação.

A Igreja é um movimento de contracultura!

Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” Romanos 12:2 (NVI)

A igreja não deve ser apenas diferente, ela deve estar muito além do resto da sociedade, isso à luz do que diz o novo testamento sobre o caráter multiétnico da igreja.

A igreja é uma nova ordem social visível, uma comunidade radical que representa um desafio à insanidade sexual, ao preconceito racial e social e à injustiça econômica que permeiam a sociedade.

“Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” Mateus 5:16

A igreja é profundamente contracultura. Isso não significa que a cultura em si seja algo ruim A cultura faz parte da boa criação de Deus. O Criador nos fez à sua imagem e nos deu ferramentas para explorarmos o mundo material – arte, música e civilizações complexas e belas. Todas essas coisas são boas, mas a queda corrompeu tudo. O pecado espalhou-se por todos os campos da cultura.

O chamado para ser uma comunidade contracultural aparece em todo o Novo Testamento. Precisamos fazer parte da contracultura exatamente porque amamos a cultura:

“Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo; O qual se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a iniqüidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras.” Tito 2:13,14

“Tendo o vosso viver honesto entre os gentios; para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, glorifiquem a Deus no dia da visitação, pelas boas obras que em vós observem.” 1ª Pedro 2:12

A saber, que os gentios são co-herdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho; Do qual fui feito ministro, pelo dom da graça de Deus, que me foi dado segundo a operação do seu poder. A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo, E demonstrar a todos qual seja a comunhão do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou por meio de Jesus Cristo; Para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus,” Efésios 3:6-10

Nesse contexto, a Teologia da Missão Integral (TMI) é um conceito que vem sendo abraçada por diversas igrejas evangélicas e que sugere a aplicação dos princípios do Evangelho em todas as áreas da vida, incentivando o evangelismo que pregue a Palavra e que ofereça assistência social, psicológica e espiritual.

TMI deu origem ao conceito do “Evangelho todo, para o homem todo, para todos os homens”, que é “compreendido como o poder de Deus para a Salvação de todo o que crê, assim como o poder de Deus para interferir na estrutura da sociedade, para dar sobrevida à humanidade, pela promoção da justiça”.

É uma “teologia da Práxis, isto é, reflexão teológica sobre a ação da igreja, como propagadora do Evangelho, no cotidiano da sociedade em que está incrustada”.

Práxis é uma palavra com origem no termo em grego praxis que significa conduta ou ação. Corresponde a uma atividade prática em oposição à teoria. Este termo é abordado por vários campos de conhecimento, como filosofia e psicologia, que classificam práxis como uma atividade voluntária orientada para um determinado fim ou resultado. Vários pensadores mencionaram o conceito de práxis nas suas obras, como Karl Marx e Jean Paul Sartre.

“Porque Deus não é injusto para se esquecer da vossa obra, e do trabalho do amor que para com o seu nome mostrastes, enquanto servistes aos santos; e ainda servis.” Hebreus 6:10

Você pode estar pensando: Como ter "força e sabedoria" para ser esta expressão do Reino?

Eis a resposta:

“Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir.” João 16:13

Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;” 2ª Coríntios 4:6-9

*Sugiro ainda, a leitura de dois outros artigos meus: 

"Arte e A Fé Cristã", onde aparece boa argumentação e uma excelente bibliografia. Acesse através do link:


Bibliografia:

JACOBS, Cindys. Manifesto da Reforma. Ed. Vida.
STOTT, John. A mensagem do sermão do monte – contracultura cristã. Ed. Ultimato.
MACARTHUR, John. Pense Biblicamente. Ed. Hagnos.
COLSON, Charles. PEARCEY, Nancy. O cristão na cultura de hoje. Ed. CPAD.
CAVALCANTI, Robinson. A Igreja, o país e o mundo. Ed. Ultimato.
PADILLA, C. René. O Que é Missão Integral? Ed. Ultimato.
RAMOS, Ariovaldo. Nossa Igreja Brasileira. Ed. Hagnos.
SIDER, Ronald J. O Escândalo do Comportamento Evangélico. Ed. Ultimato.
LOPES, Hernandes Dias. Morte na panela. Ed. Hagnos.
TILLICH, Paul. História do Pensamento Cristão. Ed. Aste.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: Um Conceito Antropológico. Ed. Zahar.
LAPLANTINE, François. Aprender Antropologia. Ed. Brasiliense.
LIMA,Walter M. Educação e Razão Dialética - Jean-paul Sartre. Ed. Edufal

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