“Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a
esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos;”
1ª Timóteo 6:17 ACF
“Que a paz de Cristo seja o juiz
em seus corações, visto que vocês foram chamados a viver em paz, como
membros de um só corpo. E sejam agradecidos.” Colossenses 3:15 NVI
Recentemente nas mais variadas mídias, tem ocorrido muito debate a respeito da arte, com isso, cristãos tem procurado saber como se posicionar, tentarei dar alguma contribuição a fim de esclarecer algumas questões. Espero ainda com a indicação de 05 (cinco) livros e os comentários sobre eles subsidiar a argumentação.
Há uma forte crítica de
que os Cristãos não têm leitura e por sua vez cultura, àqueles que me conhecem
poderão dizer o quanto milito esta questão há anos. Procuro sempre em meus
artigos e minhas aulas, ir além da “resposta óbvia”, tentando promover reflexão
e, inquietação no sentido de colocar meus alunos, alunas, leitores e leitoras
“em movimento”.
Cultura é o cultivo de
hábitos, interesses, língua e vida artística de uma nação: histórias, símbolos,
estruturas de poder, estruturas organizacionais, sistemas de controle, rituais
e rotinas, tudo o que caracteriza uma realidade social de um povo ou nação,
enfim tudo que o ser humano produz é cultura.
Arte
Há vários meios de fazer
arte ou obra de arte, a literatura, que é como se colocar o mundo numa folha de
papel por exemplo.
É sempre bom conhecer
um pouco mais sobre a história da arte, e pode-se dizer que a arte está
totalmente ligada a religião, pois, foi através dos cultos religiosos que
surgiu a arte, tudo que era feito antigamente tinha influência da/na religião,
inclusive à arte, eram feitas estatuetas, pinturas, consideradas muito
importante para os religiosos, e ao mesmo tempo, surgia o conceito de arte
discutido hoje.
A arte portanto, é uma
criação humana com valores estéticos (beleza, equilíbrio, harmonia, revolta)
que sintetizam as suas emoções, sua história, seus sentimentos e a sua cultura.
A expressão a sétima
arte:
Para quem ainda não
sabe, esse termo surgiu em 1911, dado por Ricciotto Canudo no "Manifeste
des Sept Arts" (Manifesto das Sete Artes), documento que foi publicado
apenas em 1923.
Através do manifesto, o
teórico e crítico de cinema Canudo, pertencente ao futurismo italiano,
pretendia distanciar a ideia de que o cinema era um espetáculo para a massa,
mas aproximá-la e integrá-la a categoria das Belas Artes, como, a música,
pintura, escultura, arquitetura, poesia e a dança.
A numeração das artes
refere-se ao hábito de estabelecer números para designar determinadas
manifestações artísticas. Outras formas expressivas também consideradas artes
foram posteriormente adicionadas à numeração proposta pelo manifesto: 8ª Fotografia (imagem); 9ª Historia em quadrinhos (cor, palavra, imagem); 10ª Jogos de Video 11ª Arte digital (integra artes gráficas
computadorizadas 2D, 3D e programação).
Como se posicionar
frente a qualquer impasse:
“Pois Deus não nos deu
espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio.” 2ª Timóteo 1:7
Quem dá a Inspiração
para toda sabedoria e arte:
“Tu subiste ao alto,
levaste cativo o cativeiro, recebeste dons para os homens, e até para os
rebeldes, para que o Senhor Deus habitasse entre eles.” Salmos 68:18
“Toda a boa dádiva e
todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há
mudança nem sombra de variação.” Tiago 1:17
“Depois falou o SENHOR
a Moisés, dizendo: Eis que eu tenho chamado por nome a Bezalel, o filho de Uri,
filho de Hur, da tribo de Judá, E o enchi do Espírito de Deus, de sabedoria, e
de entendimento, e de ciência, em todo o lavor, Para elaborar projetos, e
trabalhar em ouro, em prata, e em cobre, E em lapidar pedras para engastar, e
em entalhes de madeira, para trabalhar em todo o lavor. E eis que eu tenho
posto com ele a Aoliabe, o filho de Aisamaque, da tribo de Dã, e tenho dado
sabedoria ao coração de todos aqueles que são hábeis, para que façam tudo o que
te tenho ordenado. A saber: a tenda da congregação, e a arca do testemunho, e o
propiciatório que estará sobre ela, e todos os pertences da tenda;” Êxodo
31:1-7
Compare com:
“Depois disto o SENHOR
respondeu a Jó de um redemoinho, dizendo: Quem é este que escurece o conselho
com palavras sem conhecimento? Agora cinge os teus lombos, como homem; e
perguntar-te-ei, e tu me ensinarás. Onde estavas tu, quando eu fundava a terra?
Faze-mo saber, se tens inteligência. Quem lhe pôs as medidas, se é que o sabes?
Ou quem estendeu sobre ela o cordel? Sobre que estão fundadas as suas bases, ou
quem assentou a sua pedra de esquina, Quando as estrelas da alva juntas
alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus jubilavam? Ou quem encerrou o
mar com portas, quando este rompeu e saiu da madre; Quando eu pus as nuvens por
sua vestidura, e a escuridão por faixa? Quando eu lhe tracei limites, e lhe pus
portas e ferrolhos, E disse: Até aqui virás, e não mais adiante, e aqui se
parará o orgulho das tuas ondas?" Jó 38:1-11
“Quem pôs a sabedoria
no íntimo, ou quem deu à mente o entendimento?” Jó 38:36
Quando um evangélico
começa a avaliar alguma arte, já é considerado como intolerante e
preconceituoso. Infelizmente, para defender uma cultura, as pessoas acham que
devem desmerecer outras.
Hans Rookmaaker em seu
livro, declara que “a arte não precisa de justificativas. Isso quer dizer que a
arte não tem um valor por causa de sua utilidade, mas porque Deus fez dela um
meio para espelhar Sua própria beleza. O próprio Deus deu ao homem o talento
artístico (Tiago 1:17; Êxodo 31:1-7).
O livro é dividido em
quatro breves capítulos. No primeiro deles, “O pano de fundo de um dilema”, o
autor faz uma breve retrospectiva histórica, demonstrando como a arte sofreu
profundas alterações através dos tempos. A arte, que era definida em termos de
aplicação de técnicas adequadas nos materiais corretos, transformou-se em algo
abstrato, desconectado da realidade e – o que parece irônico – extremamente
religioso. Todo esse processo caminhou de mãos dadas à tentativa de retirar a
influência da religião institucional sobre as mais variadas áreas da vida
humana.
E onde estavam os
cristãos quando essa perspectiva difundiu-se e invadiu, inclusive, as artes?
Essa questão é levantada e respondida no segundo capítulo, “A resposta da
Igreja”, no qual o autor analisa a razão do afastamento entre o cristianismo e
a cultura e as consequências advindas deste, apresentando bases sólidas para o
envolvimento do cristão com a realidade criada.
No capítulo três, “A
tarefa do artista cristão”, Rookmaaker rompe com diversos paradigmas atuais da
arte “gospel”. A declaração “trabalhar como cristão não é fazer uma arte e
adicionar um complemento, o elemento cristão” contrasta com muito do que temos
visto na música cristã contemporânea brasileira. Em contraposição, o autor
defende – partindo de uma perspectiva que confronta qualquer noção de
neutralidade da ação do homem – que o artista cristão necessariamente irá
refletir o que o define enquanto ser humano: sua criação a imagem e semelhança
de Deus, queda no pecado e redenção por meio de Jesus Cristo, ou seja, o fato
dele ser cristão.
No capítulo quatro,
“Diretrizes aos artistas”, o tema que dá nome ao livro é tratado com maior
amplitude. Outros tópicos também são abordados, como: arte e realidade, arte e
sociedade, normas de arte, norma e gosto, problemas de arte e estilo, fama e
anonimato, as qualidades do artista e o caminho do artista cristão. O autor
defende que a arte possui valor intrínseco, pelo simples fato de ser uma
possibilidade dada por Deus. Portanto, não necessita justificar-se por meio das
funções que eventualmente exerça, por mais importantes que sejam.
Já Francis Shaeffer em seu
livro A Arte e a Bíblia, cita 4 padrões para julgarmos uma
manifestação artística.
- Excelência técnica: precisamos ser honestos e reconhecer o talento das pessoas, sejam elas cristãs ou não.
- A arte não pode ser produzida com a finalidade última de ganhar dinheiro. Isso não quer dizer que ela não possa ser um meio através do qual isso acontece.
- Não podemos considerar como bela uma arte que reflete uma cosmovisão de algo falso ou imoral.
- Precisamos observar a coerência entre o veículo e o conteúdo da arte. Por exemplo, ao pintar um quadro que retrata uma cena dramática, o artista precisa escolher bem as cores que usará para que haja harmonia em sua obra.
Para Schaeffer, o
cristão deve usar as artes para glorificar a Deus, não simplesmente como
propaganda evangelística, mas como algo belo para a glória de Deus. A Arte e a
Bíblia é uma obra fundamental para cristãos atuantes no mundo das artes. Neste
clássico, Schaeffer examina o registro escritural da utilização de várias
formas artísticas e estabelece uma perspectiva cristã sobre a arte. Com clareza
e vigor, ele explica por que "o cristão é alguém cuja imaginação deve voar
além das estrelas".
O Livro Cristo e a
Criatividade – Rabiscando na Areia, de Michael Card traz uma interessante
perspectiva acerca do texto bíblico de João 8, quando de maneira inusitada
Jesus inclinando-se ao chão, em meio a uma séria discussão pública, começa a
escrever na areia, atraindo assim a atenção de todos, para só então começar a
falar. O autor de maneira inovadora mostra ao leitor, como o Mestre ensinou,
por meio desta simples atitude, que cada cristão pode usar seus talentos para
ensinar a Palavra e impactar sua geração de maneira criativa, natural e simples.
A poesia contida nesta obra, encoraja o cristão a expandir o reino de Deus no
meio da escuridão. Esta leitura conduz o leitor a enxergar-se como obras-primas
de Deus, feitas em Cristo Jesus para criar novidade e encantar o mundo para a
Glória de Deus.
Sobre a questão da Censura
Creio que os dois livros
a seguir e o comentário que apresento ajudarão e muito na questão:
H. Richard Niebuhr
apresentou em seu livro Cristo e Cultura, cinco categorias de classificação do
relacionamento entre o cristão e a cultura, fornecendo, assim, ferramentas para
descrever a forma que os cristãos encaram questões sociais, éticas, políticas e
econômicas, são elas: O cristão contra a cultura; O cristão da cultura; O
cristão acima da cultura; O cristão e a cultura em paradoxo; O cristão como
agente transformador da cultura.
Já D. A. CARSON em Cristo e cultura:
uma releitura, sugere como os cristãos devem interagir com a
cultura em que vivem. O autor faz uma releitura da tipologia clássica de H.
Richard Niebuhr, Carson propõe uma solução unificadora. Lançando mão dos pontos
decisivos do enredo bíblico, como a queda, o chamado de Abraão, a vinda do
Messias, sua morte, ressurreição e segunda vinda, e a dádiva do Espírito Santo,
o autor argumenta que, somente quando todas as categorias bíblicas são
consideradas simultaneamente, é possível contribuir para o entendimento correto
da cosmovisão cristã e suas implicações na relação diária do cristão com a
política, as artes, a educação, e todas as demais áreas da cultura.
Relatório de Willowbank
A afirmação de que o
cristão é um agente transformador da cultura pode ser resumida na compreensão
de que “uma vez que o homem é criado por Deus, parte de sua cultura será rica
em beleza e bondade. Por causa da queda e do pecado do homem, toda a sua cultura (usos e costumes) está manchada pelo pecado, e parte dela é demoníaca” (Pacto
de Lausanne §10) — o evangelho nunca é hóspede da cultura, mas sempre seu juiz
e redentor.
O Grupo de Teologia e
Educação de Lausanne propôs um modelo hierárquico de ação sobre a entrada do
evangelho na cultura (Relatório de Willowbank, 1978) que pode ser de auxílio em
nosso trato com a cultura ao nosso redor.
Em janeiro de 1978,
tendo como moderador o reverendo John Stott, se reuniram, 33 teólogos,
antropólogos, linguistas, missionários e pastores, em Willowbank, nas Ilhas
Bermudas, para uma consulta sobre “O Evangelho e a Cultura”. Ali, além da
publicação dos textos apresentados, produziram um documento final denominado de
“O Relatório de Willowbank”, de ampla circulação.
Observação importante: a maioria dos cristãos se quer sabem o que é o Pacto de Lausanne.
Para ler o Relatório e
o Pacto de Lausanne você pode acessar o link:
“E digo isto, e testifico no Senhor, para que
não andeis mais como andam também os outros gentios, na vaidade da sua mente. Entenebrecidos
no entendimento, separados da vida de Deus pela ignorância que há neles, pela
dureza do seu coração; Os quais, havendo perdido todo o sentimento, se entregaram
à dissolução, para com avidez cometerem toda a impureza. Mas vós não
aprendestes assim a Cristo, Se é que o tendes ouvido, e nele fostes ensinados,
como está a verdade em Jesus; Que, quanto ao trato passado, vos despojeis do
velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano; E vos renoveis no
espírito da vossa mente;” Efésios 4:17-23
“Amado, não imite o que é mau, mas sim o que é
bom. Aquele que faz o bem é de Deus; aquele que faz o mal não viu a Deus.” 3ª
João 1:11
“Sede pois, irmãos,
pacientes até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da
terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia.”
Tiago 5:7
Lembre-se:
“Porque dele e por ele,
e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém." Romanos 11:36
CARD, Michael. Cristo e a Criatividade
Rabiscando na areia. Editora Ultimato
SCHAEFFER, Francis. A Arte a bíblia.
Editora Ultimato
ROOKMAAKER, H. R. A arte não precisa de
justificativa. Editora Ultimato.
NIEBUHR, Richard. Cristo e Cultura.
Editora Paz e Terra.
CARSON, D. A. Cristo e cultura: uma
releitura. Editora Vida Nova
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