O Salmo 24 e A Profecia Bíblica
*Há tanto o valor doutrinário e
experimental nos salmos para nós hoje, quanto significado profético!
“DO Senhor é a terra e a sua
plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam Porque ele a fundou sobre os
mares, e a firmou sobre os rios. Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará
no seu lugar santo? Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não
entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente. Este receberá a bênção do
Senhor e a justiça do Deus da sua salvação. Esta é a geração daqueles que
buscam, daqueles que buscam a tua face, ó Deus de Jacó. (Selá.) Levantai, ó
portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da
Glória. Quem é este Rei da Glória? O Senhor forte e poderoso, o Senhor poderoso
na guerra. Levantai, ó portas, as vossas cabeças, levantai-vos, ó entradas
eternas, e entrará o Rei da Glória. Quem é este Rei da Glória? O Senhor dos
Exércitos, ele é o Rei da Glória. (Selá.)”
Obs. Selá é uma palavra usada
geralmente em Salmos, e possui um conceito de difícil tradução. (Ela não pode
ser confundida com a palavra hebraica que significa "rocha".) É uma
instrução sobre a leitura do texto, algo como "Medite". Os Salmos
foram cantados acompanhados por instrumentos musicais e há referências a isto
em muitos capítulos. Trinta e um dos trinta e nove salmos com o título
"Para o músico mor" incluem a palavra "Selá". Selá portanto
registra uma pausa na música e tem um propósito similar ao Amém na medida em
que ressalta a importância da passagem anterior.
Versículo 1 - A poesia hebraica é
caracterizada por paralelismos; este verso é um exemplo disso, a palavra
‘terra’ é sinônimo de ‘mundo’; e a frase ‘plenitude’ é sinônimo de ‘aqueles que
nele habitam’. Portanto, o que este versículo nos diz é que “Toda a terra
pertence ao Senhor, o Deus de Israel; não só a terra, mas todos os seus
habitantes. Deus não é apenas o Deus de Israel, Ele é Deus de toda a terra, o
único Soberano de toda a criação”.
Vinculado aos
Salmos 22 e 23, porque os três falam profeticamente da vinda do Senhor Jesus. O
Salmo 24 também possui algumas afinidades com o Salmo 15, porque ambos fazem a
pergunta de quem é digno de entrar na presença do Senhor e respondem a ela. A
resposta do Salmo 15 se concentra na retidão da pessoa; a do Salmo 24 se
concentra no Rei da Glória. O Salmo 24 também deve ser lido acompanhado dos
Salmos 2 e 110, que também focalizam o retorno do Senhor Jesus Cristo para
instituir Seu reino na terra. Este salmo tem três passagens: (1) louvor a Deus,
Criador e Soberano do mundo (v. 1,2); (2) questionamento de qual seria a
abordagem apropriada ao Senhor (v. 3-6); (3) antevisão do Rei da Glória (v.
7-10).
Descrição do fato:
Naturalmente, depois que a
batalha se encerra, o exército e a arca faziam o trajeto de volta ao santuário.
Essa é provavelmente a situação
que está por traz da liturgia nos salmos 24.
Depois de uma declaração da
soberania de Deus. Sobre usa criação (v. 1,2) os versos de 3 a 6 descrevem o
tipo de pessoa que podia entrar nos recintos sagrados. Pode ser que isso
implique que alguém ou determinado grupo procurasse ter acesso ao santuário, e,
pelos versículos de 7 a 10, acreditamos que a idéia se refere ao exército, no
momento em que retorna a Jerusalém para colocar a arca de volta no lugar
Santíssimo.
Portanto, a interpretação do
diálogo que acontece nos versículos de 7 a 10 é de que se trata de uma conversa
entre um porteiro levita e os sacerdotes que carregavam a arca à frente do
exército. Os primeiros a falar são os sacerdotes, que pedem acesso pelos
portões da cidade: “abram-se, ó portais abram-se, ó portas antigas, para que o
Rei da Glória entre”. (v 7 em algumas traduções).
A maneira de se entender
historicamente (literalmente), como Deus pode ser visualizado em sua entrada
pelo portão da cidade seria representado pela arca. De qualquer forma esse
pedido é seguido por uma resposta indagadora do porteiro: “Quem é o Rei da
Glória?” (v. 8a).
É obvio que os sacerdotes sabem
muito bem quem é o Rei da Glória. Todavia a pergunta admite uma resposta de
LOUVOR DESCRITIVO a DEUS, o Guerreiro.
De novo o sacerdote na liderança
do exército responde: “O Senhor forte e valente, O Senhor valente nas guerras.
Abram-se, ó portais; abram-se, ó portais antigos, para que o Rei da glória
entre”. (v 8b,9).
Isso fornece a oportunidade para
uma enfática reafirmação da pergunta e da resposta: “Quem é esse Rei da glória?
O Senhor dos exércitos, ele é o Rei da glória”. (v 10).
Entendemos que será no tribunal
de Cristo que o Salmo 24.7-10, terá seu cumprimento profético, quando a igreja
dirá: Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó entradas eternas,
e entrará o Rei da Glória. Então milhares de anjos perguntarão: Quem é este Rei
da Glória? e a igreja responde: O Senhor forte e poderoso na guerra. Mas não
abrirá, e a igreja dirá: Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó
entradas eternas, e entrara o Rei da Gloria. E milhares de anjos perguntarão:
Quem é este Rei da glória? E a igreja responderá: E o Senhor dos Exércitos, Ele
é o Rei da Glória. Então os umbrais se abrirão e o Senhor entrará com a igreja
e os anjos a glorificarem o seu nome.
E sem dúvida há ali a descrição
doutrinária, de como moralmente devem andar aqueles que quiserem habitar com
Deus.
A importância dos Salmos para a
Igreja:
“Cantai-lhe, salmodiai-lhe,
atentamente falai de todas as suas maravilhas.” 1ª Crônicas 16:9
“Falando entre vós em salmos, e
hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso
coração;” Efésios 5:19
Hermenêutica Escatológica dos
Salmos:
a) Os Salmos são ricos em Profecias;
b) Profecias
Bíblicas, obedecem a lei da dupla referência;
c) Em ao menos vinte salmos existem alusões ao Anticristo;
Como exemplo, o Salmo 2 nos apresentam um
rápido, porém vívido retrato de como terminará o período da Tribulação e,
embora o Anticristo não seja citado diretamente, a luz que outras escrituras
lançam somente isso revela a pavorosa personalidade que encabeçará a rebelião
ali descrita.
O Salmo 2 é profético em seu caráter e tem, como a maioria (se
não todas) das profecias, um duplo cumprimento.
"Por que se amotinam os
gentios, e os povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam e os
governos consultam juntamente contra o SENHOR e contra o seu ungido, dizendo:
Rompamos as suas ataduras, e sacudamos de nós as suas cordas." (Sl.
2:1-3). Uma parte dessa passagem é citada em Atos 4, mas é interessante
observar onde a citação termina. Pedro e João tinham sido levados diante das
autoridades religiosas de Israel, porque tinham curado um homem paralítico em
nome de Jesus Cristo. Os apóstolos fielmente se justificaram e, após serem
advertidos e ameaçados, receberam a permissão de se retirar. É então que eles
"levantaram a voz a Deus, e disseram: Senhor, tu és o Deus que fizeste o céu,
e a terra, e o mar e tudo o que neles há; que disseste pela boca de Davi, teu
servo: Por que bramaram os gentios, e os povos pensaram coisas vãs?
Levantaram-se os reis da terra, e os príncipes se ajuntaram à uma, contra o
Senhor e contra o seu Ungido." (Atos 4:24-26). Observe que eles citaram
somente os dois primeiros versos do Salmo 2, e que não disseram "agora
isto está cumprido". O que eles disseram foi: "Porque verdadeiramente
contra o teu Santo Filho Jesus, que tu ungiste, se ajuntaram, não só Herodes, mas
Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel; para fazerem tudo o que a
tua mão e o teu conselho tinham anteriormente determinado que se havia de
fazer." (vs. 27-28). Na prisão de Cristo e em seus julgamentos diante das
autoridades judaicas e gentias, essa profecia de Davi tinha recebido um
cumprimento parcial, mas o final (ou total) ainda é futuro.
O tempo em que o
Salmo 2 receberá seu cumprimento total é indicado na seção mediana — é pouco
antes do tempo em que Cristo retornará a este mundo como "rei" e
receber os gentios por herança e os confins da terra por sua possessão; em
outras palavras, imediatamente antes do estabelecimento do Milênio, ou o fim do
Período da Tribulação.
Quando lemos o Salmo 2 à luz de
Ap. 16:14 e 19:19, descobrimos que ele retrata o ato final na carreira atrevida
e desafiadora do último grande César. Em um ato de insano desespero, o Filho da
Perdição reunirá suas forças e fará um esforço concentrado para impedir que o
Cristo de Deus entre em sua Sua herança terreal. Acreditamos que isto seja
evidente a partir das próprias palavras no salmo. O salmo inicia com uma
pergunta: "Por que se amotinam os gentios, e os povos imaginam coisas
vãs?" A pergunta é feita para chamar mais rapidamente a atenção do leitor
e para enfatizar a malignidade impensável daquilo que se segue: "Os reis
da terra se levantam e os governos consultam juntamente contra o SENHOR e
contra o seu ungido." Observe que essa rebelião é feita não somente contra
o Senhor, mas também contra Seu Ungido, isto é, contra Cristo. A loucura desse
esforço (encabeçado pelo Anticristo) é indicado no verso 4: "Aquele que
habita nos céus se rirá; o SENHOR zombará deles." A futilidade dessa ação
é vista no verso 6: "Eu, porém, ungi o meu Rei sobre o meu santo monte de
Sião." O "porém" aqui tem a força de "apesar disto" e
mostra o propósito, o objetivo que a insurreição tem em vista — é uma tentativa
de impedir Cristo de retornar a este mundo e estabelecer Seu reino milenar. A
resposta dos céus é observada no verso 5: "Então lhes falará na sua ira, e
no seu furor os turbará." Isto é ampliado em Ap. 19:20-21. O Salmo 2,
então, nos leva para o fim da história do Anticristo e trata somente dos
eventos finais de sua terrível carreira. Em outros salmos em ele que está em
vista, incidentes anteriores são observados e seu tratamento ao povo judeu é
descrito.
O próximo salmo em que o
Anticristo aparece é o 5. Esse salmo apresenta as petições que o remanescente
fiel de Israel fará.
Considerações sobre a divisão dos
Salmos:
Os Salmos atribuídos a Davi
são, em sua maioria, pedidos de auxílio em todas as aflições, de modo especial
nas enfermidades e nas perseguições;
Os Filhos de Core tem por tema
central o culto, o templo e a cidade santa;
Os Salmos de Asafe são cânticos
nacionais ou didáticos que celebram o triunfo ou deploram a derrota de todo o
povo e tem por fim ensinar verdades morais;
A coleção anônima compõe-se, na
maioria, de hinos de louvor ou de ações ao Senhor.
Nome e Terminologia:
Em hebraico o nome é ”Sefer
Tehilin”, que significa “livro dos louvores”. O nome “Salmos” vem da língua
grega “Psalmos”. O nome aparece na versão LXX como “Biblos Psalmon” (livro dos
Salmos). No NT a palavra “Psalmon” aparece em Lc 24:42 e At 1:20. Os
manuscritos gregos de um modo geral trazem o título “Psalmoi”, mas alguns os
denominam “Psalterion” (saltério) que quer dizer “coleção de cânticos”. Na
Vulgata o livro assume o nome de “Líber Psalmorum”.
Os salmos estão organizados em
cinco grandes livros:
Livro I: 1 a 41
Livro II: 42 a 72
Livro III: 73 a 89
Livro IV: 90 a 106
Livro V: 107 a 150
Subdivisões consideradas:
Coleções
de Salmos:
Coleção davídica I: 3 a 41
Coleção dos filhos de Coré I: 42
a 49
Coleção davídica II: 51 a 65
Coleção de Asafe: 73 a 83
Coleção dos filhos de Coré: II:
84 a 88 (exceto o 86)
Coleção de louvor congregacional
I: 95 a 100
Coleção Aleluia: 111 a 117
Coleção Salmos dos Degraus
(subida a Jerusalém): 120 a 134
Coleção davídica III: 138 a 145
Coleção de louvor congregacional
II: 146 a 150
Rodrigo Martins
Bacharel em Teologia, Professor de
Hermenêutica e Escatologia há doze anos no I.T.Q. Juiz de Fora MG. Graduando em Pedagogia na UFJF.
PENTECOST, J. Dwight. Manual de Escatologia.
Editora Vida.
SPURGEON, C.H. Esboços Bíblicos
de Salmos. Shedd Publicações.
FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Teologia
dos Salmos. Editora: JUERP
STANLEY, Gundry. Deus Mandou
Matar ? Editora Vida.
PINK, Arthur W. O Anticristo.