quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Os Salmos e A Hermenêutica



O Salmo 24 e A Profecia Bíblica

*Há tanto o valor doutrinário e experimental nos salmos para nós hoje, quanto significado profético!

“DO Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam Porque ele a fundou sobre os mares, e a firmou sobre os rios. Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no seu lugar santo? Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente. Este receberá a bênção do Senhor e a justiça do Deus da sua salvação. Esta é a geração daqueles que buscam, daqueles que buscam a tua face, ó Deus de Jacó. (Selá.) Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória. Quem é este Rei da Glória? O Senhor forte e poderoso, o Senhor poderoso na guerra. Levantai, ó portas, as vossas cabeças, levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória. Quem é este Rei da Glória? O Senhor dos Exércitos, ele é o Rei da Glória. (Selá.)”

Obs. Selá é uma palavra usada geralmente em Salmos, e possui um conceito de difícil tradução. (Ela não pode ser confundida com a palavra hebraica que significa "rocha".) É uma instrução sobre a leitura do texto, algo como "Medite". Os Salmos foram cantados acompanhados por instrumentos musicais e há referências a isto em muitos capítulos. Trinta e um dos trinta e nove salmos com o título "Para o músico mor" incluem a palavra "Selá". Selá portanto registra uma pausa na música e tem um propósito similar ao Amém na medida em que ressalta a importância da passagem anterior.

Versículo 1 - A poesia hebraica é caracterizada por paralelismos; este verso é um exemplo disso, a palavra ‘terra’ é sinônimo de ‘mundo’; e a frase ‘plenitude’ é sinônimo de ‘aqueles que nele habitam’. Portanto, o que este versículo nos diz é que “Toda a terra pertence ao Senhor, o Deus de Israel; não só a terra, mas todos os seus habitantes. Deus não é apenas o Deus de Israel, Ele é Deus de toda a terra, o único Soberano de toda a criação”.

Vinculado aos Salmos 22 e 23, porque os três falam profeticamente da vinda do Senhor Jesus. O Salmo 24 também possui algumas afinidades com o Salmo 15, porque ambos fazem a pergunta de quem é digno de entrar na presença do Senhor e respondem a ela. A resposta do Salmo 15 se concentra na retidão da pessoa; a do Salmo 24 se concentra no Rei da Glória. O Salmo 24 também deve ser lido acompanhado dos Salmos 2 e 110, que também focalizam o retorno do Senhor Jesus Cristo para instituir Seu reino na terra. Este salmo tem três passagens: (1) louvor a Deus, Criador e Soberano do mundo (v. 1,2); (2) questionamento de qual seria a abordagem apropriada ao Senhor (v. 3-6); (3) antevisão do Rei da Glória (v. 7-10).

Descrição do fato:

Naturalmente, depois que a batalha se encerra, o exército e a arca faziam o trajeto de volta ao santuário.

Essa é provavelmente a situação que está por traz da liturgia nos salmos 24.

Depois de uma declaração da soberania de Deus. Sobre usa criação (v. 1,2) os versos de 3 a 6 descrevem o tipo de pessoa que podia entrar nos recintos sagrados. Pode ser que isso implique que alguém ou determinado grupo procurasse ter acesso ao santuário, e, pelos versículos de 7 a 10, acreditamos que a idéia se refere ao exército, no momento em que retorna a Jerusalém para colocar a arca de volta no lugar Santíssimo.

Portanto, a interpretação do diálogo que acontece nos versículos de 7 a 10 é de que se trata de uma conversa entre um porteiro levita e os sacerdotes que carregavam a arca à frente do exército. Os primeiros a falar são os sacerdotes, que pedem acesso pelos portões da cidade: “abram-se, ó portais abram-se, ó portas antigas, para que o Rei da Glória entre”. (v 7 em algumas traduções).

A maneira de se entender historicamente (literalmente), como Deus pode ser visualizado em sua entrada pelo portão da cidade seria representado pela arca. De qualquer forma esse pedido é seguido por uma resposta indagadora do porteiro: “Quem é o Rei da Glória?” (v. 8a).

É obvio que os sacerdotes sabem muito bem quem é o Rei da Glória. Todavia a pergunta admite uma resposta de LOUVOR DESCRITIVO a DEUS, o Guerreiro.

De novo o sacerdote na liderança do exército responde: “O Senhor forte e valente, O Senhor valente nas guerras. Abram-se, ó portais; abram-se, ó portais antigos, para que o Rei da glória entre”. (v 8b,9).

Isso fornece a oportunidade para uma enfática reafirmação da pergunta e da resposta: “Quem é esse Rei da glória? O Senhor dos exércitos, ele é o Rei da glória”. (v 10).

Entendemos que será no tribunal de Cristo que o Salmo 24.7-10, terá seu cumprimento profético, quando a igreja dirá: Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória. Então milhares de anjos perguntarão: Quem é este Rei da Glória? e a igreja responde: O Senhor forte e poderoso na guerra. Mas não abrirá, e a igreja dirá: Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó entradas eternas, e entrara o Rei da Gloria. E milhares de anjos perguntarão: Quem é este Rei da glória? E a igreja responderá: E o Senhor dos Exércitos, Ele é o Rei da Glória. Então os umbrais se abrirão e o Senhor entrará com a igreja e os anjos a glorificarem o seu nome.

E sem dúvida há ali a descrição doutrinária, de como moralmente devem andar aqueles que quiserem habitar com Deus.

A importância dos Salmos para a Igreja:

“Cantai-lhe, salmodiai-lhe, atentamente falai de todas as suas maravilhas.” 1ª Crônicas 16:9

“Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração;” Efésios 5:19

Hermenêutica Escatológica dos Salmos:

a) Os Salmos são ricos em Profecias; 

b) Profecias Bíblicas, obedecem a lei da dupla referência;

c) Em ao menos vinte salmos existem alusões ao Anticristo;

Como exemplo, o Salmo 2 nos apresentam um rápido, porém vívido retrato de como terminará o período da Tribulação e, embora o Anticristo não seja citado diretamente, a luz que outras escrituras lançam somente isso revela a pavorosa personalidade que encabeçará a rebelião ali descrita. 

O Salmo 2 é profético em seu caráter e tem, como a maioria (se não todas) das profecias, um duplo cumprimento.

"Por que se amotinam os gentios, e os povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam e os governos consultam juntamente contra o SENHOR e contra o seu ungido, dizendo: Rompamos as suas ataduras, e sacudamos de nós as suas cordas." (Sl. 2:1-3). Uma parte dessa passagem é citada em Atos 4, mas é interessante observar onde a citação termina. Pedro e João tinham sido levados diante das autoridades religiosas de Israel, porque tinham curado um homem paralítico em nome de Jesus Cristo. Os apóstolos fielmente se justificaram e, após serem advertidos e ameaçados, receberam a permissão de se retirar. É então que eles "levantaram a voz a Deus, e disseram: Senhor, tu és o Deus que fizeste o céu, e a terra, e o mar e tudo o que neles há; que disseste pela boca de Davi, teu servo: Por que bramaram os gentios, e os povos pensaram coisas vãs? Levantaram-se os reis da terra, e os príncipes se ajuntaram à uma, contra o Senhor e contra o seu Ungido." (Atos 4:24-26). Observe que eles citaram somente os dois primeiros versos do Salmo 2, e que não disseram "agora isto está cumprido". O que eles disseram foi: "Porque verdadeiramente contra o teu Santo Filho Jesus, que tu ungiste, se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel; para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer." (vs. 27-28). Na prisão de Cristo e em seus julgamentos diante das autoridades judaicas e gentias, essa profecia de Davi tinha recebido um cumprimento parcial, mas o final (ou total) ainda é futuro. 

O tempo em que o Salmo 2 receberá seu cumprimento total é indicado na seção mediana — é pouco antes do tempo em que Cristo retornará a este mundo como "rei" e receber os gentios por herança e os confins da terra por sua possessão; em outras palavras, imediatamente antes do estabelecimento do Milênio, ou o fim do Período da Tribulação.

Quando lemos o Salmo 2 à luz de Ap. 16:14 e 19:19, descobrimos que ele retrata o ato final na carreira atrevida e desafiadora do último grande César. Em um ato de insano desespero, o Filho da Perdição reunirá suas forças e fará um esforço concentrado para impedir que o Cristo de Deus entre em sua Sua herança terreal. Acreditamos que isto seja evidente a partir das próprias palavras no salmo. O salmo inicia com uma pergunta: "Por que se amotinam os gentios, e os povos imaginam coisas vãs?" A pergunta é feita para chamar mais rapidamente a atenção do leitor e para enfatizar a malignidade impensável daquilo que se segue: "Os reis da terra se levantam e os governos consultam juntamente contra o SENHOR e contra o seu ungido." Observe que essa rebelião é feita não somente contra o Senhor, mas também contra Seu Ungido, isto é, contra Cristo. A loucura desse esforço (encabeçado pelo Anticristo) é indicado no verso 4: "Aquele que habita nos céus se rirá; o SENHOR zombará deles." A futilidade dessa ação é vista no verso 6: "Eu, porém, ungi o meu Rei sobre o meu santo monte de Sião." O "porém" aqui tem a força de "apesar disto" e mostra o propósito, o objetivo que a insurreição tem em vista — é uma tentativa de impedir Cristo de retornar a este mundo e estabelecer Seu reino milenar. A resposta dos céus é observada no verso 5: "Então lhes falará na sua ira, e no seu furor os turbará." Isto é ampliado em Ap. 19:20-21. O Salmo 2, então, nos leva para o fim da história do Anticristo e trata somente dos eventos finais de sua terrível carreira. Em outros salmos em ele que está em vista, incidentes anteriores são observados e seu tratamento ao povo judeu é descrito.

O próximo salmo em que o Anticristo aparece é o 5. Esse salmo apresenta as petições que o remanescente fiel de Israel fará.

Considerações sobre a divisão dos Salmos:

Os Salmos atribuídos a Davi são, em sua maioria, pedidos de auxílio em todas as aflições, de modo especial nas enfermidades e nas perseguições;

Os Filhos de Core tem por tema central o culto, o templo e a cidade santa;

Os Salmos de Asafe são cânticos nacionais ou didáticos que celebram o triunfo ou deploram a derrota de todo o povo e tem por fim ensinar verdades morais;

A coleção anônima compõe-se, na maioria, de hinos de louvor ou de ações ao Senhor.

Nome e Terminologia:

Em hebraico o nome é ”Sefer Tehilin”, que significa “livro dos louvores”. O nome “Salmos” vem da língua grega “Psalmos”. O nome aparece na versão LXX como “Biblos Psalmon” (livro dos Salmos). No NT a palavra “Psalmon” aparece em Lc 24:42 e At 1:20. Os manuscritos gregos de um modo geral trazem o título “Psalmoi”, mas alguns os denominam “Psalterion” (saltério) que quer dizer “coleção de cânticos”. Na Vulgata o livro assume o nome de “Líber Psalmorum”.

Os salmos estão organizados em cinco grandes livros:

Livro I: 1 a 41
Livro II: 42 a 72
Livro III: 73 a 89
Livro IV: 90 a 106
Livro V: 107 a 150

Subdivisões consideradas:

Coleções de Salmos:
Coleção davídica I: 3 a 41
Coleção dos filhos de Coré I: 42 a 49
Coleção davídica II: 51 a 65
Coleção de Asafe: 73 a 83
Coleção dos filhos de Coré: II: 84 a 88 (exceto o 86)
Coleção de louvor congregacional I: 95 a 100
Coleção Aleluia: 111 a 117
Coleção Salmos dos Degraus (subida a Jerusalém): 120 a 134
Coleção davídica III: 138 a 145
Coleção de louvor congregacional II: 146 a 150

Rodrigo Martins

Bacharel em Teologia, Professor de Hermenêutica e Escatologia há doze anos no I.T.Q. Juiz de Fora MG. Graduando em Pedagogia na UFJF.


PENTECOST, J. Dwight. Manual de Escatologia. Editora Vida.
SPURGEON, C.H. Esboços Bíblicos de Salmos. Shedd Publicações.
FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Teologia dos Salmos. Editora: JUERP
STANLEY, Gundry. Deus Mandou Matar ? Editora Vida.
PINK, Arthur W. O Anticristo

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