quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O Cristão no exercício da função (Profissão)

Posso ou Não Posso? Devo ou Não Devo?


Recentemente recebi várias perguntas devido a uma pregação de um pastor que gosto muito, por ocasião de uma mensagem onde ele responde acerca do policial cristão-evangélico, estar numa situação com bandido, onde tenha que fazer uso de arma de fogo....

O tema levantou questionamentos sobre outros vários assuntos:

Imagine um garçom cristão-evangélico que serve bebidas numa festa entre elas bebidas alcoólicas. Imagine também que no estabelecimento onde trabalha além de servir ele tenha que vender cigarros além da bebida.

Imaginou?

Imagine que seu patrão lhe mande pagar as contas da empresa e junto fazer um jogo na loteria, (e aproveitando você faz uma “fezinha”), ele ainda pede que na volta você compre quatro maços de cigarros.

Imaginou?

Percebo uma geração que conhece cada vez menos a palavra de Deus, e em conseqüência dessa pouca intimidade com a Palavra, não há boa interpretação, junte a isso outro grave problema em nossa nação, que é a questão do “analfabetismo funcional”, logo, não se interpreta corretamente o que a Bíblia diz.

Hoje temos gente demais com visões, sendo que precisamos agora, de pessoas que tenham a interpretação, a exemplo de Daniel. (Dn 2:19-28)

Vejamos primeiro a resposta bíblica quanto ao policial, em seguida passaremos a loteria:

“Pois os governantes não devem ser temidos, a não ser pelos que praticam o mal. Você quer viver livre do medo da autoridade? Pratique o bem, e ela o enaltecerá. Pois é serva de Deus para o seu bem. Mas se você praticar o mal, tenha medo, pois ela não porta a espada sem motivo. É serva de Deus, agente da justiça para punir quem pratica o mal. Portanto, é necessário que sejamos submissos às autoridades, não apenas por causa da possibilidade de uma punição, mas também por questão de consciência.” Romanos 13:3-5 NVI

Compare com

Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou; Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar; Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar; Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar; Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora; Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar; Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.” Eclesiastes 3:1-8

O exercício da nossa profissão deve ser feito com ética e alegria, a ética profissional é o conjunto de normas éticas que formam a consciência do profissional. Ser ético é agir dentro dos padrões convencionais, é proceder bem, é não prejudicar o próximo. Ser ético é cumprir os valores estabelecidos pela sociedade em que se vive.

Espera-se por tanto do funcionário seja ele evangélico ou não, que cumpra bem o papel que lhe foi delegado. Vejamos:

“Vós, servos, obedecei em tudo a vossos senhores segundo a carne, não servindo só na aparência, como para agradar aos homens, mas em simplicidade de coração, temendo a Deus.” Colossenses 3:22

“Vós, servos, obedecei a vossos senhores segundo a carne, com temor e tremor, na sinceridade de vosso coração, como a Cristo; Não servindo à vista, como para agradar aos homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus;” Efésios 6:5-6

Então, a primeira coisa a ser feita, é verificar se há condenação à determinada atividade na Bíblia, em caso de não haver, a questão é de foro íntimo, e está dentro dos padrões da liberdade cristã, já se houver passagem nas escrituras condenando a dita pratica, não cabe nem pergunta!

“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma.” 1ª Coríntios 6:12

“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam.”  1ª Coríntios 10:23

O ato de participar de uma loteria não é pecado, o desejo de ganhar lucros de maneira legal não transgride nenhum mandamento da lei de Deus, desde que a maneira pela qual se obtém o lucro não fira os princípios do amor a Deus e ao próximo. O lucro fácil que pode vir de uma loteria também não se constitui, em si, algo condenável. Sendo assim, jogar ou não na loteria está dentro da questão de foro íntimo.

Quanto ao funcionário que fica na dúvida por estar comprando este ou aquele produto, executando essa ou aquela função, nos evangelhos ha um registro interessantíssimo que responde a isso. 

Quando alguns cobradores de impostos e alguns soldados que se convertiam perguntaram como ficava sua condição espiritual, com respeito sua sua profissão, vejam o que João Batista lhes respondeu:

“E chegaram também uns publicanos, para serem batizados, e disseram-lhe: Mestre, que devemos fazer? E ele lhes disse: Não peçais mais do que o que vos está ordenado. E uns soldados o interrogaram também, dizendo: E nós que faremos? E ele lhes disse: A ninguém trateis mal nem defraudeis, e contentai-vos com o vosso soldo.” Lucas 3:12-14

Devemos  manter o equilíbrio e ter uma “sobriedade bíblica em tudo que fizermos”, conforme 2ª Timóteo 1:7:

“Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação.”

Lembrando que quando não houver “sentença bíblica” a respeito de determinado assunto, fica valendo Colossenes 3:15:

Que a paz de Cristo seja o juiz em seus corações, visto que vocês foram chamados a viver em paz, como membros de um só corpo. E sejam agradecidos.” NVI

Rodrigo Martins, Assistente Administrativo, Pastor, Professor de Teologia.

12 comentários:

  1. Eu entrei pra minha profissão sem conhecer um respaldo bíblico pra isso. Mas com o tempo pesquisei e li um livro de Lutero sobre isso!!
    Bom, durante meu curso na Academia Militar fui questionado diversas vezes sobre matar em guerra e os dez mandamentos. Dava a resposta de Eclesiastes e Romanos. De certo houve um acréscimo com este artigo escrito. Enriqueceu ainda mais minha sustentação dentro da Palavra para esclarecer aqueles que me questionarão na carreira militar combatente. Valeu professor!

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  2. Claramente o foro íntimo está intrinsecamente ligado a moralidade pessoal (i.e. a que a Bíblia nos exorta a praticar, logo a ter) me lembro que João disse "Se o coração nos condena, maior é Deus do que o nosso coração e conhece todas as coisas. Amados se o coração não nos condena, temos confiança em Deus" 1 Jo 3:19-20. Sei porém que o contexto está falando de amor expresso com atitude e da segurança que é gerada segundo nosso proceder, quero dizer que nossas atitudes morais que diz respeito a moralidade (através da graça) e logo condenada ou gera confiança nas atitudes (não desconsiderando nosso nível de conhecimento das Escrituras) portanto "Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor" Oséias 6:3, pois, a falta de conhecimento tem força suficiente para derrubar a igreja de Cristo. Esses Assunto que você trata são ótimos e claramente esquecidos ou deixados de lado pela maioria dos pregadores. "susa Rodrigo" Que Deus continue te usando para abençoar a "moçada"!!!

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  3. você disse tudo: analfabetismo funcional! muita gente achando que ser cristão é ser 'anjo'.
    perfeitas palavras Pr. Rodrigo ;)
    Fernanda

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  4. Ótimo!!! Ser cristão realmente é entender que todas as coisas nos são lícitas, mas nem tudo nos convém, é importante saber manter o equilíbrio e usar da inteligencia espiritual que o Senhor nosso deus nos dá para sobrevivermos a esse mundo com todas as questões que nos são colocadas.
    Natamiliane

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  5. Muito bom. A ignorância em relação à palavra que vemos hoje nas igrejas gera muitos julgamentos e condenações precipitadas, afastando as pessoas de Cristo ao invés de aproximá-las mais.
    Muito bom o texto. Multiplicar o conhecimento é fundamental!

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  6. Excelente, Ótimo Artigo parabéns pastor.

    Vitor Hugo

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  7. Olá Pr. Rodrigo! Muito bom o texto! Muito ponderado. Uma coisa me gerou dúvidas, Romanos 13 fala apenas da autoridade JUSTA não é? Uma autoridade que exalta os bons e repreende o mal, e no caso da autoridade injusta como por exemplo Hitler, Herodes, Bin Laden, policiais e políticos corruptos, são elas constituídas por Deus? grande abraço. Juan

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    1. olá Juan boa tarde obrigado pela visita ao blog e pelo comentário, quanto a pergunta, é muito inteligente e atenta, vamos lá:

      A autoridade é instituída por Deus para fazer o bem (Rm 13.4)ou seja, o governante que procura o bem de seu povo, está dentro da vontade de Deus, já o que faz o contrario é sim passível de criticas, principalmente por parte do povo de Deus que tem digamos: "dupla cidadania", ou seja uma celestial outra terrena, e quanto a terra temos nossas obrigações.

      Homens de Deus como Isaías, jeremias, miqueias e Amós, denunciaram a injustiça, o suborno, a maldade, denunciaram o enriquecimento ilícito, não se se amedrontaram diante das autoridades, .

      Nossa Constituição garante o direito da livre expressão de consciência, de credo e de culto.

      Criticar o governo naquilo que entendemos ser criticável, se feito de maneira respeitosa e ordeira é um instrumento legítimo assegurado por lei.

      e ainda temos a base bíblica de:

      "Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça." João 7:24

      mais uma vez obrigado Juan, considere tornar-se um leitor assíduo do blog, risos, grande abraço

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    2. Obrigado Pastor. Concordo totalmente. Serei sim um leitor. Grande abraço

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  8. Achei o texto ótimo e bastante construtivo. Muitos de nós crentes, temos duvidas sim em relação a esse assunto. É algo que as vezes não entendemos, ou fingimos entender e estar de acordo. Como foi dito anteriormente no texto, "Percebo uma geração que conhece cada vez menos a palavra de Deus". Onde muitas vezes, esquecemos de exercer o nosso papel de Cristãos, no ambiente em que vivemos. Seja no meio profissional, social ou até mesmo religioso. Entender o que Deus quer de nós, é o primeiro passo para adorá-lo em espírito e em verdade.
    Deus o abençoe ! Gezianne Oliveira

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  9. Olá, Pr. Rodrigo, teologia prática! Momento esclarecedor. Uma necessidade constante. Um ponto interessante também a incluir nessa conversa é a questão "fazer ou não fazer greve"...
    Abraços,
    Izabel

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