domingo, 24 de setembro de 2017

Apocalipse 12! O que Significa?



Perguntas recebidas: “Quem é a Mulher de Apocalipse 12?” “A que evento o capítulo se refere?”

Apocalipse 12: 1-6
“E VIU-SE um grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça. E estava grávida, e com dores de parto, e gritava com ânsias de dar à luz. E viu-se outro sinal no céu; e eis que era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre as suas cabeças sete diademas. E a sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu, e lançou-as sobre a terra; e o dragão parou diante da mulher que havia de dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe tragasse o filho. E deu à luz um filho homem que há de reger todas as nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono. E a mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus, para que ali fosse alimentada durante mil duzentos e sessenta dias.”

  • Apocalipse significa revelação, este livro caracteriza-se pela linguagem mística, os símbolos, visões e aparições celestes. Se fosse escrito em linguagem corrente e comum, seus inimigos o destruiriam por falar contra eles.


  • A literatura apocalíptica nasce dentro de um processo histórico de perseguição, numa situação critica servindo para animar as comunidades perseguidas. A situação histórica vivida pela comunidade onde nasce essa literatura é representa pela abundância de imagens, visões, números...

  • É um gênero estranho para nós. Para a época, era traduzido intelectualmente. Uma literatura de erudito para eruditos, por isso sua interpretação ligavam-se ao seu  meio social. (contexto é tudo gente!)


Por exemplo, naquele contexto:

Túnica = dignidade sacerdotal.
Cinto de ouro = o poder real.
Olhos chamejantes = ciência perfeita (1,13-16).
Branco = vitória.
Vermelho = violência.
Preto = morte...

  • Este livro implicitamente recorre a apocalíptica judaica e ao A.T.. Servindo-se do Êxodo, Daniel e Ezequiel de onde extrai a maioria dos símbolos e imagens, por isso para interpretá-lo é necessário conhecer os escritos proféticos do Antigo Testamento.


  • As Profecias obedecem a “Lei da Dupla Referência”, (já expliquei essa forma de interpretação em outro artigo e em meu TCC) Significa dizer que as profecias tem um cumprimento histórico e outro futuro.


  • O Apocalipse é um livro do seu tempo, escrito a partir do seu tempo e para o seu tempo; Mas é válido para todos os tempos, pois há claramente uma mensagem para a Igreja de Cristo em todas as épocas.


  • O texto não pode significar hoje o que nunca significou para a época, mesmo a dupla referência estará dentro do contexto da mensagem bíblica.


  • É preciso descobrir o “lá e então” para se determinar o “aqui e agora”.


  • Toda vez que esse adversário é mencionado como serpente é uma referência ao passado, toda vez que é mencionado como Dragão é uma referência ao futuro.

Interpretando Apocalipse 12:

Vários elementos do simbolismo mostram uma conexão com Gênesis 37:9,10, em que o sol no sonho de José, representa Jacó; a lua Raquel, as estrelas as tribos de Israel.

“E teve José outro sonho, e o contou a seus irmãos, e disse: Eis que tive ainda outro sonho; e eis que o sol, e a lua, e onze estrelas se inclinavam a mim. E contando-o a seu pai e a seus irmãos, repreendeu-o seu pai, e disse-lhe: Que sonho é este que tiveste? Porventura viremos, eu e tua mãe, e teus irmãos, a inclinar-nos perante ti em terra?”

As figuras de linguagem referentes a Israel como uma parturiente no AT sustentam essa interpretação (Is 26:17,18; 66:7; Jr 4:31; 13:21; Mq 4:10; 5:3), como também o faz a referencia à arca da aliança de Israel no versículo imediatamente antecedente a Apocalipse 12;1 (11:19).

“Como a mulher grávida, quando está próxima a sua hora, tem dores de parto, e dá gritos nas suas dores, assim fomos nós diante de ti, ó Senhor! Bem concebemos nós e tivemos dores de parto, porém demos à luz o vento; livramento não trouxemos à terra, nem caíram os moradores do mundo.” Isaias 26:17,18

“Antes que estivesse de parto, deu à luz; antes que lhe viessem as dores, deu à luz um menino.” Isaias 66:7

A "judaicidade" do contexto encontra apoio adicional nas referencias às doze tribos de Israel em Apocalipse 7:5-8 e 21 e para o templo e Jerusalém em 11:1-13.

Neste capítulo lemos que o "dragão" persegue a "mulher"(Israel) que "deu à luz a um filho varão".

Esses versículos mostram claramente que estão num cumprimento histórico e futuro na "Grande Tribulação", nos remete claramente ao pensamento e lembrança de quando satanás fez sua investida direta contra Cristo quando este nasceu.

Os detalhes apontam para a identificação da mulher como símbolo do Israel nacional.

O Capítulo 12 , fala da continua animosidade de satanás contra Israel, em geral, e contra seu Messias.

A descrição de dores de parto como disse acima, antes de dar à luz a Criança que se torna o Regente das Nações (v.5) pode referir-se também a Maria, como mãe de Jesus (Já que as profecias obedecem a lei da dupla referência como já foi dito), (Mq 5.3; Lc 2.5-7).

Detalhes posteriores (Ap 12.6,13-17), no entanto, sugerem que a mulher provavelmente tem uma referência mais ampla. Como uma representação semelhante é usada em relação a Israel em Miquéias 4.9-10, uma representação da nação judaica ou do remanescente fiel dentro da nação. Além disso, a primeira profecia da Bíblia, Gênesis 3.15, serve como um lembrete da batalha entre a Semente da mulher e Satanás.

Atentando sempre a historicidade do contexto:

A fuga da mulher para o deserto por 1.260 dias refere-se ao tempo futuro chamado de Grande Tribulação. Mil duzentos e sessenta dias são 42 meses (de 30 dias cada), o que é o mesmo que três anos e meio. Na metade do período da Tribulação, a Besta (o Anticristo) colocará uma imagem de si mesmo no templo que será construído em Jerusalém. Esta é a abominação de que Jesus falou em Mateus 24:15 e Marcos 13:14. Quando a Besta fizer isso, ela quebra o pacto de paz que havia feito com Israel e a nação tem de fugir por segurança (ver também Mateus 24; Daniel 9:27). Esta fuga dos judeus é retratada como a mulher fugindo ao deserto.

Embora seja verdade que Maria deu à luz Jesus, também é verdade que Jesus, o filho de Davi da tribo de Judá, veio de Israel. Em certo sentido, Israel deu à luz (gerou) Cristo Jesus. A mulher (v.1-6) é, de alguma forma, levada para o seu lugar de proteção contra a serpente, o deserto, como se fosse carregada pelas asas de uma grande águia. Isso faz lembrar como Israel escapou dos egípcios e chegou ao monte Sinai (Êx 19.4; Dt 32.11,12). Um tempo equivale a um ano; então, o período de proteção aqui é de três anos e meio, que corresponde ao período do testemunho das duas testemunhas em Apocalipse 11.3. É equivalente também ao período da autoridade da besta — quarenta e dois meses (Ap 13.5) —, que inclui a sua habilidade para fazer guerra aos santos e vencê-los (Ap 13.7; Dn 7.25; 12.7).

Isa 54:1 "Cante, ó estéril, você que nunca teve um filho; irrompa em canto, grite de alegria, você que nunca esteve em trabalho de parto; porque mais são os filhos da mulher abandonada do que os daquela que tem marido", diz o Senhor.
Isa 54:2 "Alargue o lugar de sua tenda, estenda bem as cortinas de sua tenda, não o impeça; estique suas cordas, firme suas estacas.
Isa 54:3 Pois você se estenderá para a direita e para a esquerda; seus descendentes desapossarão nações e se instalarão em suas cidades abandonadas. "
Isa 54:4 "Não tenha medo; você não sofrerá vergonha. Não tema o constrangimento; você não será humilhada. Você esquecerá a vergonha de sua juventude e não se lembrará mais da humilhação de sua viuvez.
Isa 54:5 Pois o seu Criador é o seu marido, o Senhor dos Exércitos é o seu nome, o Santo de Israel é seu Redentor; ele é chamado o Deus de toda a terra.
Isa 54:6 O Senhor chamará você de volta como se você fosse uma mulher abandonada e aflita de espírito, uma mulher que se casou nova, apenas para ser rejeitada", diz o seu Deus.
Isa 54:7 "Por um breve instante eu a abandonei, mas com profunda compaixão eu a trarei de volta.
Isa 54:8 Num impulso de indignação escondi de você por um instante o meu rosto, mas com bondade eterna terei compaixão de você", diz o Senhor, o seu Redentor.

O sinal do grande dragão vermelho é interpretado no versículo 9 como Satanás, que inicialmente aparece nas Escrituras como uma serpente no jardim do Éden (Gn 3). A imagem está de acordo com o Antigo Testamento e com o uso extrabíblico (Is 27.1). O dragão com sete cabeças e dez chifres se refere a Satanás e ao império sobre o qual ele governa durante o curso de tempo.

A referência à terça parte das estrelas do céu pode ligar esse acontecimento ao juízo das trombetas no qual a terça parte é a proporção característica de destruição (Ap 8.7), incluindo a terça parte das estrelas (v.12). No entanto, também é entendida como uma referência à rebelião da terça parte dos anjos que seguiram Satanás. A tentativa do dragão de tragar o Cristo recém nascido revela que a estratégia de Herodes para matar Jesus, quando este era um bebê (Mt 2.3-16) foi satanicamente inspirada.

Apocalipse 12:12-17 como explicado acima, fala de como o diabo vai fazer guerra contra Israel, tentando destruí-la (Satanás sabe que o seu tempo é curto, relativamente falando – ver Apocalipse 20:1-3, 10). Essa passagem também revela que Deus vai proteger Israel no deserto. Apocalipse 12:14 diz que Israel vai ser protegida contra o diabo por “um tempo, e tempos, e metade de um tempo” ("um tempo" = 1 ano; "tempos" = 2 anos; "metade de um tempo"= meio ano; em outras palavras, três anos e meio).

Miguel é um arcanjo (Jd 9). De acordo com Daniel 12.1, ele é um anjo guardião especial da nação de Israel. Aparentemente, comanda um exército de anjos. Miguel e os exércitos celestiais são vitoriosos, deixando Satanás e seus demônios fora dos limites do céu.

O perigo da água como um rio para a mulher é afastado quando a terra se abre, talvez da mesma forma que se abriu para o rebelde Corá e seus seguidores em Números 16.30-33. Não há um modo de determinar se esse é o relato de uma enchente real ou a descrição figurativa de um ataque de Satanás contra os protegidos por Deus.


Rodrigo Martins de Oliveira. Bacharel em Teologia. Professor de Escatologia Bíblica e Hermenêutica no I.T.Q. Juiz de Fora MG

Um comentário:

  1. Professor, muito obrigado por esse artigo, é algo que venho procurando a alguns meses.

    Sou amigo do Mauro Belozzi, seu aluno.

    Iniciei minha busca devido ao sinal que vi observando as estrelas.
    O artigo é elucidativo no sentido de explicar o Ap 12.

    Pergunto ao senhor, o que se segue e em quanto tempo depois de a mulher ser vista no céu?

    Graça e paz, obrigado.

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