Esboço
Pregação dia 02/09/2017 IEQ Sede Democrata Juiz de Fora/MG
Preletor: Pr Rodrigo
Sobre a aparente contradição
dos termos - Conceito e definição: Manifestação: Pronunciamento,
exposição ou revelação. Silêncio:
ausência de ruído, sossego, calma.
Texto Base: Habacuque 1: 1-13
(aleivosamente/traiçoeiramente)
O Profeta Habacuque viveu
durante o período de reinado do rei Joaquim (608-598 a.C.). Ele provavelmente
testemunhou o declínio e queda do Império Assírio e a derrota de Nínive por
volta de 612 a.C. Essa data também o coloca como um contemporâneo de Naum e
Sofonias e como contemporâneo mais jovem do Profeta Jeremias.
O significado do nome
“Habacuque” também é incerto. O nome tanto pode estar ligado à raiz hebraica que
significa “abraço” (h-b-q), ou ao nome de uma planta assíria chamada
“hambakuku“. A forma grega desse nome é Hambakoum. Caso esse nome seja derivado
do hebraico, então seu significado pode estar relacionado a uma ideia de
aceitação do Senhor por Habacuque, ou, como Lutero entendeu, esse significado
pode se referir a Habacuque como sendo alguém que abraça o seu povo num tempo
de desespero. Já Jeronimo entendeu que esse “abraço” deveria ser aplicado no
sentido “luta”, isto é, alguém que “lutou” com Deus. Se for a segunda
possibilidade a correta, ou seja, do nome ser derivado de uma planta assíria,
então esse nome pode representar o grau de influência da cultura assíria sob a
sociedade de Judá.
O
Profeta Habacuque viveu num período de crise, sobretudo espiritual, onde o povo
escolhido de Deus estava perdendo a sua identidade. Toda essa situação fez com
que Habacuque questionasse ao Senhor com relação a uma aparente indiferença de
Deus para com a terrível realidade de sua época.
Este período é escolhido em
razão de:
- O caos ético e social que o texto de 1:2-4 apresenta combina com a decadência moral com os dias de reinado de Jeoaquim, conforme Jeremias denunciou.
- A proximidade da realização dos eventos descritos em 1:6-11, conforme a expressão “nos dias de vocês” no verso 5. Javé havia prometido a Josias que seu reinado não terminara com a invasão e cativeiro (2 Rs. 22:18-20). Talvez os oráculos de Habacuque se refiram aos últimos 20 anos de independência de Judá.
- A ascensão da Babilônia como superpotência mundial no século VII a.C. acontece no período previsto em Habacuque.
- O verso 5 ainda nos ajuda a definir esse período, pois, tendo o Egito como aliado, Judá dificilmente acreditaria que seriam vencidos pela Babilônia; o que de fato aconteceu quando Nabucodonosor derrotou o faraó Neco em Carquêmis (Jeremias 46:2,6,10; II Reis 24:7).
Quando se prega sobre Habacuque,
costuma-se manter a reflexão em duas passagens: o de que “o justo viverá pela
fé” (2:4), base da teologia da justificação de Paulo em Romanos (e não a
confissão positiva atual, do “tudo posso”, “tomo posse” e “determino”), e o
belíssimo hino final, “ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide;
o produto da oliveira minta e os campos não produzam mantimento; as ovelhas
sejam arrebatadas do aprisco e nos currais não haja gado, todavia eu me alegro
no SENHOR, exulto no Deus da minha salvação” (4:17-18).
Outras passagens ficam
escondidas dos ouvintes como, os 5 “ais” do capítulo 2 de Habacuque, uma
gigantesca exortação - do próprio Deus - a que o crente viva uma vida digna e
honesta e se afaste dos terríveis pecados e da ganância que maculam a
humanidade, e, que constitui a resposta de Deus ao texto que foi lido no
início.
É difícil - atualmente -
encontrar alguém que tenha ouvido uma pregação sobre os “ais”, embora eles
continuem reverberando nas consciências de todos, como um grito surdo que não
consegue se fazer ouvir.
Daí a importância de “ressuscitá-los”:
O
primeiro “ai” de Habacuque ataca frontalmente o pensamento
mágico de muitos falsos profetas de hoje, que pregam uma espécie de evangelho
do abracadabra, do enriquecimento ilícito e sem causa: “Ai daquele que acumula
o que não é seu! (até quando?) e daquele que se carrega a si mesmo de
penhores!” (2:6 – Almeida Revista e Atualizada). A Nova Versão Internacional
(NVI) traduz: “Ai daquele que amontoa bens roubados e enriquece mediante
extorsão”.
O
segundo “ai” complementa o sentido do primeiro: “Ai
daquele que adquire para a sua casa lucros criminosos, para por o seu ninho no
alto, a fim de se livrar das garras da calamidade!” (2:9 – ARA). A Bíblia do
Peregrino (BP) verte como “Ai de quem ajunta em casa ganhos injustos, e aninha
muito alto para se livrar da desgraça”.
O
terceiro, “ai de quem constrói a cidade com sangue e
alicerça no crime a capital!” (2:12).
O
quarto: “Ai daquele que dá de beber ao seu próximo,
adicionando à bebida o seu furor, e que o embebeda para ver a sua nudez!”
(2:15).
Pode
parecer que aqui se trata de alguma conotação sexual, mas o sentido original se
refere àqueles que se valem de todo tipo de artimanhas para levar o próximo à
miséria e à nudez, ou seja, para espoliá-lo (do latim spoliare – roubar,
defraudar, tirar a roupa).
A Bíblia de Jerusalém chega
mais perto do significado ao traduzir por “ai daquele que faz beber seu
vizinho! Tu misturas seu veneno até embriagá-lo, para ver a sua nudez!”.
O
quinto "ai" -, o Senhor finaliza com “Ai daquele que diz
ao pau: Acorda; e à pedra muda: Desperta! Pode isso ensinar? Eis que está
coberto de ouro e de prata, e dentro dele não há espírito algum” (2:19 – ARA).
Mais do que uma condenação
veemente à vã idolatria do dinheiro e metais preciosos, temos aqui um grave alerta
para que não se tire de Deus a glória que lhE é devida, e não se busque em
ídolos de qualquer a espécie a dependência e a satisfação cuja única fonte deve
ser tributada ao Senhor.
Vemos, portanto, que Deus
condena, por intermédio de Seu profeta Habacuque, os lucros auferidos com o
crime, o engano, a dissimulação e a extorsão (não só a que apela para a
chantagem e as armas, mas também para as emoções).
Deus não negocia com o ser
humano na base de mantras coletivamente ensaiados com o fim de “comprar” o Seu
favor.
A
principal manifestação do silêncio é a reflexão para alguma tomada de atitude, Você
deve ter notado que quando as pessoas estão bravas, elas mantém silêncio. Ou
elas gritam muito, e depois ficam em silêncio. Você pode facilmente
decifrar se alguém está bem ou não. Se estão muito em silêncio, então há algo
errado. Se você está triste, fica em silêncio. As pessoas ficam de cabeça baixa
e em silêncio. E se você está envergonhado, fica em silêncio. E se você é sábio,
se torna silencioso. E quando se confronta com ignorância e questões sem
necessidades, se torna silencioso.
Alguém
já disse que “Deus não fala, mas que tudo fala de Deus”. Isto é, Deus fala pela
Revelação e pela vida, mas esta linguagem tem de ser decifrada. Seus silêncios
aparentes são sábios e nos obrigam a exercitar o ouvido da alma, e criar novas
antenas e ouvidos interiores, para ouvir a sua voz. Não é que Deus não fale,
somos nós que não captamos sua palavra.
Textos
de conclusão em conexão com o tema proposto: Habacuque 2:3; 3:2 e 3:16
*Embora a Reforma Protestante pavimentou o caminho para os cristãos serem capazes de ler a Bíblia por si mesmos, ainda são importantes as habilidades hermenêuticas e exegéticas / Estudo da Bíblia.
Associações mais comuns de “Ai” na Bíblia são julgamento e aviso.
*Embora a Reforma Protestante pavimentou o caminho para os cristãos serem capazes de ler a Bíblia por si mesmos, ainda são importantes as habilidades hermenêuticas e exegéticas / Estudo da Bíblia.
Associações mais comuns de “Ai” na Bíblia são julgamento e aviso.
“Ai” é um termo
forte que está geralmente associado com uma advertência ou julgamento de Deus.
É certamente uma palavra usada negativamente, muitas vezes, uma conotação de
emoções extremas, tais como: dor, tristeza, ira, remorso ou mesmo algum tipo de
infortúnio grave (como uma sentença).
Curiosamente, Jesus usou a palavra mais do que qualquer outra pessoa na
Bíblia. Por exemplo, Mateus 23:13 diz: "Mas ai de vós, escribas
e fariseus, hipócritas! Porque fechais aos homens o reino dos céus; pois nem
vós entrais, nem aos que entrariam permitis entrar". Este
versículo começa uma série de versos (de Mateus 23:13-16), em que Jesus usa
continuamente a palavra ai na sua
condenação dos escribas e fariseus. Nesta passagem, cerca de sete “Ais” são
dados e todos eles condenam aqueles líderes religiosos que diziam e pareciam
ser justos, quando na verdade eles não eram.
Parabéns pr. Rodrigo. Os Ais de Deus permanecem até hoje, mas muitos não conseguem permanecer em silêncio para ouvi-Los.
ResponderExcluirMuito obrigada pelo conteúdo de alta qualidade! Deus o abençoe!
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