Esboço para discussão em
sala, aula de hermenêutica 26/09/2017
Professor Rodrigo
Martins ITQ Juiz de Fora MG
Análise de Hebreus 6
com especial atenção em:
“Porque é impossível
que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se
fizeram participantes do Espírito Santo, E provaram a boa palavra de Deus, e as
virtudes do século futuro, E recaíram, sejam outra vez renovados para
arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus,
e o expõem ao vitupério.” Hebreus 6:4-6
- O livro foi escrito entre 60 e 70 d.C. talvez Itália (Hb.13.24). Tema principal: A superioridade de Cristo.
- "Hebreu" era o nome dados aos israelitas pelas nações vizinhas. Talvez tenha derivado de Éber ou Héber, que significa "homem vindo do outro lado do rio" (Jordão ou Eufrates) (Gn.10.21,24; 11.14-26; 14.13 Js.24.2). Abraão foi chamado de "hebreu".
Temos
então várias designações para o mesmo povo:
-
Hebreu: designa descendência.
-
Israel: destaca o aspecto religioso.
-
Judeu: da tribo de Judá ou habitante do reino de Judá.
Contextualizando:
Alguns
desses termos foram mudando um pouco de sentido com o passar do tempo. O
"judeu" do Velho Testamento estava estritamente ligado à tribo de
Judá. Depois do cativeiro, a maior parte dos que regressaram a Canaã eram da
tribo de Judá. Então, "judeu" tornou-se quase um sinônimo de
israelita, já que quase todos os israelitas eram judeus. O termo tem esse mesmo
sentido genérico até hoje.
O
"hebreu" do Velho Testamento era todo indivíduo israelita. No Novo
Testamento, esse termo passa a designar mais especificamente aquele israelita
que fala aramaico e é mais apegado ao judaísmo ortodoxo, em contraposição ao
"helenista", que é o israelita que fala grego e está mais
influenciado pela cultura grega. Nesse sentido, veja Filipenses 3.5 e II
Coríntios 11.22, nos quais o apóstolo Paulo cita com orgulho o fato de ser
"hebreu" , assim como eram seus pais.
O autor insiste em que
os leitores de sua carta deixem o que é primário e prossigam até a perfeição,
no sentido de maturidade. Ele lista então seis pontos doutrinários, que chama
de os rudimentos da doutrina de Cristo (os primeiros rudimentos, em Hb 5.12):
(1) Arrependimento de
obras mortas se refere à mudança de pensamento quanto às exigências da Lei de
Moisés (Hb 9.14).
Embora a Lei seja boa
(1 Tm 1.8), era fraca, por causa da fraqueza de nossa natureza pecaminosa (Rm
8.3).
(2) O que é necessário para a salvação não são
as obras mortas, que não podem salvar, mas a fé em Deus.
(3) Batismos pode
referir-se aos vários batismos citados no Novo Testamento (o batismo de Cristo,
o de João, o batismo do crente nas águas, e o espiritual, do crente pelo
Espírito Santo), ou também aos diversos ritos de purificação praticados pelos
judeus.
(4) No livro de Atos, a
imposição das mãos era usada para transmitir o Espírito Santo (At 8.17,18;
19.6), assim como para ordenação ao ministério (At 6.6; 13.3). Essa prática é
encontrada também no Antigo Testamento, para a delegação de poderes a alguém
para serviço público (Nm 27.18,23; Dt 34.9) e no contexto de apresentação do
holocausto ao Senhor (Lv 1.4; 3.2; 4.4; 8.14; 16.21).
(5) Ressurreição dos
mortos se refere à doutrina da ressurreição de todos no final dos tempos (Ap
20.11-15). E um ensinamento do Antigo Testamento (Is 26.19; Dn 12.2),
amplamente difundido no judaísmo do século 1, principalmente pelos fariseus.
Para os cristãos, tornou-se essencial a crença na ressurreição de Jesus, sem a
qual não existiria o perdão dos pecados (1 Co 15.12-17).
(6) Juízo eterno se
refere à crença de que todos seremos julgados pelo grande Juiz. As Escrituras
indicam que existirão dois tipos de julgamento final: o dos cristãos, no qual
Jesus determinará a recompensa de cada um (1 Co 3.12-15), e o juízo dos
descrentes (Ap 20.11-15).
Há três grupos nesse
contexto e seus leitores originais são cristãos judeus que estão pensando em
retornar ao judaísmo, e segundo o texto estarão se juntando às fileiras
daqueles que crucificaram Cristo, pois sua atitude corresponde, em importância,
a uma rejeição pública, a uma nova crucificação (simbólica) do Senhor.
É
necessário então compreender que “três grupos básicos de pessoas estão em vista
em toda esta epístola. Se não mantiver um destes grupos em mente, o livro se
torna bastante confuso.” Em linhas
gerais, os leitores eram judeus, que mantinham uma compreensão razoável da
Torá. Um primeiro composto por
judeus que eram cristãos de fato; um segundo, composto por judeus não cristãos
que estavam intelectualmente convencidos; e, um último, composto por judeus não
cristãos que não estavam convencidos.
A passagem diz respeito a judeus, verdadeiros
crentes em Jesus, que, ao sofrerem perseguição, viam-se tentados a novamente
se envolver com a religião judaica e seus ritos, de que haviam sido libertos em
Cristo. Em vez de falar da perda da justificação, a passagem se refere ao
fracasso de um crescimento à maturidade. O crente que, tentado, é levado a cair
(como traduz melhor o grego), depois de já haver obtido progresso na caminhada
cristã, como se evidencia nas características do crescimento cristão indicadas
nos versículos 4 e 5, após a queda (o abandono não de Cristo, mas da corrida
cristã) coloca-se em risco de ficar estagnado no crescimento cristão. A
expressão e recaíram pode ser traduzida de forma melhor por e caíram de lado,
representando um corredor que cai ao lado da pista durante uma corrida. Quando leio isso penso no "Mito da Caverna" de Platão. Reflita sobre esta explicação e faça uma correlação com a imagem que segue:
Por exemplo, a questão
do “aio” em Gálatas 3:24-25:
A palavra
"aio" (tutor) vem de uma palavra grega que quer dizer, literalmente, "uma pessoa que conduz uma
criança". Os aios na época de Paulo
foram servos responsáveis pela proteção dos filhos de seus senhores, levando-os
para a escola, corrigindo-os, etc. Não foram os professores, nem os pais, mas
serviam para cuidar da criança. Em Gálatas, Paulo mostra que as pessoas que
estavam sujeitas à lei de Moisés no passado não permanecem subordinadas a este
"aio". Ele afirma que a lei cumpriu sua função temporária. Por isso,
ela não tem o mesmo domínio depois da chegada da fé em Cristo.
Ele disse:
"Mas, antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela da lei e nela
encerrados, para essa fé que, de futuro, haveria de revelar-se. De maneira que
a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos
justificados por fé. Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados ao
aio" (Gálatas 3:23-25). O aio representa a lei revelada através de Moisés. A fé representa
o evangelho de Jesus Cristo. As boas novas de salvação em Cristo já foram
reveladas, e ninguém precisa guardar as leis do Antigo Testamento.
(6 .7 ,8 ) Nestes versos que se seguem, há uma ilustração baseada na natureza transmite duas verdades: (1) um pedaço de terra que recebe chuva (um dom celestial, v. 4) e que é produtiva e útil para muitos e abençoada por Deus (v. 7); (2) um pedaço de terra (v. 8) que recebe chuva (um dom celestial, v. 4), mas é improdutiva, é reprovada (gr. adokimos), palavra que significa desqualificada, usada em relação a cristãos desqualificados para receber recompensas (1 Co 9.27; 2 Co 13.5,7). Essa terra não é amaldiçoada, mas perto está da maldição (1 Co 11.29-31).
A consequência é ser
queimada, o que não significa o inferno, mas um juízo temporal de Deus. No
Antigo Testamento, o juízo de Deus sobre Seu povo está associado a queima dos
campos (Is 9.18-19; 10.17), o que representa morte física, mas não morte
espiritual. Talvez exista aqui também uma alusão ao fogo do juízo, quanto ao
fundamento de Cristo (1 Co 3.11-15). Existia uma prática antiga de queimar a
terra para destruir as ervas daninhas e fazer que o campo fosse útil novamente.
Se essa é a alusão pretendida, então a passagem ensina que, embora todas as
tentativas humanas de restaurar os apóstatas sejam inúteis (v. 6), existe a
esperança de que possam voltar a produzir novamente. E possível a uma pessoa
naufragar na fé e aprender, então, com essa ruinosa experiência (1 Tm 1.18-20).
“Porque Deus não é
injusto para se esquecer da vossa obra, e do trabalho do amor que para com o
seu nome mostrastes, enquanto servistes aos santos; e ainda servis. Mas
desejamos que cada um de vós mostre o mesmo cuidado até ao fim, para completa
certeza da esperança;” Hebreus 6:10,11
“A qual temos como
âncora da alma, segura e firme, e que penetra até ao interior do véu,Onde
Jesus, nosso precursor, entrou por nós, feito eternamente sumo sacerdote,
segundo a ordem de Melquisedeque.” Hebreus 6:19,20
A esperança do crente
em Cristo é segura como uma âncora. Essa âncora não está na areia, mas na
presença do Todo-poderoso. Interior do véu se refere ao Santo dos Santos, o
lugar onde Deus habita.
A palavra grega para precursor era usada no século 2
d.C. com relação a barcos menores enviados para o porto pelos grandes navios
impossibilitados de lá atracar devido ao mau tempo. Esses barcos carregavam a
âncora através da arrebentação para o porto e a prendiam lá, segurando assim o
navio maior. Precursor pressupõe que outros o seguirão. Deste modo, Jesus é não
somente a própria âncora do crente, mas também o barco que leva a âncora para o
porto e a segura firmemente.
“Go” siga daqui e
confia!
“Não rejeiteis, pois, a
vossa confiança, que tem grande e avultado galardão. Porque necessitais de
paciência, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, possais
alcançar a promessa. Porque ainda um pouquinho de tempo, E o que há de vir
virá, e não tardará.” Hebreus 10:35-37
“Para ver se de alguma maneira posso chegar à
ressurreição dentre os mortos. Não que já a tenha alcançado, ou que seja
perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso por
Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma
coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para
as que estão diante de mim, Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana
vocação de Deus em Cristo Jesus.” Filipenses 3:11-14
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