“A quem, pois, se ensinaria o conhecimento? E
a quem se daria a entender doutrina? Ao desmamado do leite, e ao arrancado dos
seios? Porque é mandamento sobre mandamento, mandamento sobre mandamento, regra
sobre regra, regra sobre regra, um pouco aqui, um pouco ali.” Isaías 28:9,10
Esta disciplina é a
base para a Hermenêutica – Interpretação da Bíblia, compreende-la é o caminho para
se aprofundar posteriormente, nas regras de Exegese e Hermenêutica Bíblica. Seu
objetivo é fornecer ao aluno as ferramentas necessárias para que ele mesmo descubra
as verdades na Palavra de Deus.
Todo e qualquer estudo bíblico tem como
premissa levar o leitor para um contato direto com as Escrituras, de tal
maneira que sua vida seja moldada pela Palavra de Deus.
“O hipócrita com a boca
destrói o seu próximo, mas os justos se libertam pelo conhecimento.” Provérbios
11:9
MÉTODO INDUTIVO
O Método Indutivo é
aquele que leva o aluno a estudar o texto cuidadosamente, observando todos os
particulares e pormenores, para então tirar uma conclusão Distinção entre
dedução e indução:
a) Indução: “Método de
raciocinar que consiste em tirar dos fatos particulares uma conclusão”.
Em poucas palavras, na
indução a gente observa primeiro e depois conclui.
Na dedução concluímos
primeiro, pois observamos.
A indução vai das
partes para o todo, enquanto que a dedução vai do todo para as partes.
Indução é o método
científico.
a. Determina-se o alvo;
b. Coleta-se
informações;
c. Classifica-se as
informações;
d. Chega-se à teoria ou
hipótese;
e. Faz-se inúmeras
experiências;
f. Declare-se lei ou
fato.
b) Dedução: “A dedução conclui do geral para o particular”.
Etapas do método de raciocínio dedutivo:
Evidência
O problema ou fato em análise deve ser observado da forma como se apresenta, sem prevenções, preconceitos ou precipitações.
Análise
O problema deve ser fracionado em várias partes para que cada parte seja analisada separadamente, detalhando melhor a pesquisa.
Síntese
Os problemas definidos ao fracionar, devem ser agrupados em graus, ou seja, comparação de problemas simples com outros também simples e problemas complexos com outros também complexos.
Enumeração
Seleção de parâmetros e dados que sejam necessariamente pertinentes à solução do problema.
OBSERVAÇÃO:
Exame completo e
cuidadoso; dar atenção completa ao que se está vendo; estar mentalmente alerta
e concentrado naquilo que está vendo.
PROPÓSITO:
Fazer com que o
estudante fique permeado com o conteúdo da passagem.
OBSERVAÇÃO DEMANDA:
a. Vontade – deixar a
preguiça de lado;
b. Precisão – ver o que
realmente está no texto. Não inventar.
c. Persistência –
gastar tempo.
COMO COMEÇAR A
OBSERVAÇÃO:
Começamos a observação
lendo a passagem várias vezes. Depois de termos uma visão geral do “todo”,
passamos então aos detalhes. Nunca devemos estudar os detalhes antes de termos
uma visão do “todo”.
Detalhando...
MÉTODO ANALÍTICO DE
ESTUDO BÍBLICO
O método analítico
consiste em um exame cuidadoso do versículo ou da passagem bíblica, estudando o
objeto em seus pormenores, atentando para os menores aspectos, analisando as
partes que compõe o todo.
Para que o estudante
selecione versículos para análise e pesquisa, é importante que tenha um
programa de leitura bíblica constante e devocional.
MÉTODO SINTÉTICO
Em contraste com o
método analítico, o sintético busca uma compreensão holística de cada livro da
Bíblia, em sua unidade, não dedicando esforço hermenêutico aos pormenores, mas
à mensagem geral, considerando questões como o propósito do escritor, o que
este tinha em mente quando da escrita, o método e os caminhos usados para
atingir seus objetivos e outras questões tais. Este é o melhor método para a
compreensão da mensagem central de cada livro da Bíblia, que capacita o
estudante a compreender melhor o autor de cada obra inspirada e evita erros de
interpretação. É o método que estuda um livro como uma unidade, procurando
entender a mensagem do livro como um todo.
IMPORTÂNCIA DO MÉTODO
SINTÉTICO.
A. Ele é a base e o
alvo de toda a análise (observação). Assim, é o
método inicial e também
o método final, quando estudamos as Escrituras.
B. Síntese é uma ajuda
indispensável para o ensino e a pregação.
C. Síntese é o melhor
meio de se aprender a mensagem de um livro.
COMO USAR ESTE MÉTODO?
Exame Cuidadoso do
Livro
1. Ler o livro todo de
uma sentada.
2. Ler o livro três
vezes.
a) Para descobrir o
tema principal.
b) Para ver como o tema
foi desenvolvido.
c) Para fazer um esboço
do livro (os parágrafos da sua Bíblia podem lhe ajudar nisto).
Analisar a estrutura do
livro e procurar descobrir o princípio organizador, o qual dá unidade ao livro.
1. Fazer as perguntas:
a) O que estava na
mente do autor quando ele escrevia este livro?
b) Qual a mensagem que
ele queria transmitir? O que queimava no seu coração?
2. Verificar de que maneira o autor desenvolveu o tema.
a) Polêmico? – Como
Gálatas.
b) Usa Perguntas? –
Como Malaquias.
c) Lógico? – Como
Romanos.
d) Tópico? – Como
Mateus
Relacionar o livro que
está se estudando com outros livros ou porções das Escrituras que lhe são
semelhantes. Exemplos:
1. Apocalipse – tem que
ser estudado com Daniel.
2. Marcos – tem que ser
estudado com 1 e 2 Pedro.
3. Reis – tem que ser
estudado com Crônicas.
4. Profetas Menores –
tem que ser estudado com Reis e Crônica.
MÉTODO TEMÁTICO DE
ESTUDO BÍBILICO
O método tópico ou
temático apresenta princípios técnicos para o estudo Bíblico por temas, ou
seja, é a investigação sobre um tema escolhido, em toda a Bíblia ou em
determinada parte dela. Este método de estudo não está diretamente ligado ao
texto (embora jamais seja desvinculado do mesmo), mas ao assunto de que trata. Feita
a escolha de um tema para análise, é importante pesquisá-lo por toda a Bíblia
ou em determinada parte dela, como por exemplo, o estudo da salvação segundo a
carta aos Romanos ou o estudo das profecias messiânicas segundo Isaías. Essa
delimitação pode ser feita devido à extensão do tema.
MÉTODO BIOGRÁFICO DE
ESTUDO BÍBLICO
Para desenvolver este
método de estudo, o pesquisador pode se valer dos princípios do método temático
a fim de encontrar, listar e extrair o conteúdo dos trechos ou versículos
bíblicos a respeito da vida de determinado personagem. O método biográfico é um
estudo a respeito da vida dos personagens bíblicos com o propósito de extrair
aplicações práticas para a vida da Igreja de Cristo, sejam eles positivos – a
serem imitados ou negativos – a serem evitados. O material para esse tipo de
estudo é farto, pois há cerca de dois mil e novecentos personagens na Bíblia.
PARALELO DE IDÉIAS
Mt 16.18: “Também eu te
digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas
do inferno não prevalecerão contra ela”.
Com base neste texto, é possível admitir que o
apóstolo Pedro é a pedra sobre a qual a igreja está edificada? Não seria muito
perigoso que Jesus tivesse estruturado sua igreja sobre um homem, ainda que de
Deus, limitado e sujeito a errar? Uma análise a respeito dessa idéia - a pedra
fundamental - esclarece a questão.
Em Mateus 21.42, Jesus
é a pedra angular. Em Efésios 2.20,21, Jesus é a Pedra sobre a qual os
apóstolos, dos quais Pedro era um, trabalharam na edificação da igreja. Paulo
afirma em 1Co 3.10,11 que Jesus é o único fundamento e que outro não pode ser
posto. Por fim, o próprio Pedro diz em sua carta que Cristo é a Pedra.
1Pe 2.4-8: “Chegando-vos para ele, a pedra que
vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também
vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes
sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a
Deus por intermédio de Jesus Cristo. Pois isso está na Escritura: Eis que ponho
em Sião uma pedra angular, eleita e preciosa; e quem nela crer não será, de
modo algum, envergonhado. Para vós outros, portanto, os que credes, é a
preciosidade; mas, para os descrentes, A pedra que os construtores rejeitaram,
essa veio a ser a principal pedra, angular e: Pedra de tropeço e rocha de ofensa.
São estes os que tropeçam na palavra, sendo desobedientes, para o que também
foram postos”.
Logo, a obscuridade e dificuldade de
interpretação de um único texto isolado – Mateus 16.18 – são esclarecidas por
inúmeros textos bíblicos que apontam Jesus como “a única Pedra angular”.
PARALELO DE ENSINOS
GERAIS
Algumas questões de
difícil interpretação devem ser analisadas de acordo com os ensinos gerais da
Bíblia. Por exemplo, Deus é descrito como Onisciente, Onipotente,
Transcendente, Espírito Perfeito, mas há textos que descrevem Deus com
características de homem, limitando-o a tempo, lugar, espaço, etc. Para
compreender este tipo de aparente contradição, levam-se em consideração os
ensinos gerais da Bíblia que, apesar de ser uma obra inspirada por Deus, foi
escrita para seres humanos, e revela Deus de modo que os seres humanos o possam
compreender.
A esse fenômeno, a
teologia chama antropomorfismo – Deus se revela com aparência de homem e
antropopatia – Deus se revela com sentimentos de homem.
Assim, quando há
referência a Deus de maneira limitada, não se deve esquecer que faz parte
daquela passagem isolada, sendo o ensino geral o que deve prevalecer para
formulação de conceitos teológicos.
“E rejeita as questões
loucas, e sem instrução, sabendo que produzem contendas. E ao servo do Senhor
não convém contender, mas sim, ser manso para com todos, apto para ensinar,
sofredor; Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus
lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade,” 2ª Timóteo 2:23-25
Senso comum é o modo de pensar da
maioria das pessoas, são noções comumente admitidas pelos indivíduos.
Significa o conhecimento
adquirido pelo homem partir de experiências, vivências e observações do mundo.
O senso comum se caracteriza por
conhecimentos empíricos acumulados ao longo da vida e passados de geração em
geração.
É um saber que não se baseia em
métodos ou conclusões científicas, e sim no modo comum e espontâneo de
assimilar informações e conhecimentos úteis no cotidiano.
Pesquisa é um conjunto de ações
que visam a descoberta de novos conhecimentos em uma determinada área.
A pesquisa científica consiste em
um processo metódico de investigação, recorrendo a procedimentos científicos
para encontrar respostas para um problema. Para esta pesquisa, é obrigatório
avaliar se o problema apresenta interesse para a comunidade científica e se
constitui um trabalho que irá produzir resultados novos e relevantes para o
interesse social.
Quanto à abordagem do problema, a
metodologia da pesquisa pode ser:
Quantitativa: método de pesquisa
que recorre a diferentes técnicas estatísticas para quantificar opiniões e
informações.
Qualitativa: é uma pesquisa
descritiva que explora as particularidades e os traços subjetivos considerando
a experiência pessoal do entrevistado.
Quanto aos objetivos pretendidos,
a pesquisa se classifica em:
Exploratória: envolve uma maior
proximidade com tudo o que está relacionado com o objeto de pesquisa. São
exemplos, os Estudos de Caso (estudo exaustivo e detalhado) e as Pesquisas
Bibliográficas (consulta a livros e outros materiais já publicados).
Descritiva: levantamento de dados
recorrendo a técnicas padronizadas de coleta, como o questionário ou a
observação sistemática.
Explicativa: procura explicar os
fatores que ocasionam os fenômenos. Nas ciências naturais é usado o método
experimental, enquanto nas ciências sociais recorre-se ao método observacional.
Sugiro a leitura a seguir dos artigos correlacionados:
Hermenêutica Aplicada:
A Hermenêutica dos Salmos:
A Hermenêutica de Apocalipse 12:
A Hermenêutica do Livro de Isaías:
BERKHOF,
Louis. Princípios de interpretação Bíblica. JUERP, Rio de Janeiro
FELTRIN,
Marcelo. Métodos de Estudo Bíblico. São Paulo, IBCU.
GADELHA,
Vítor. Métodos de Estudo Bíblico. São Paulo, Apostila Teológica.
HENRICHSEN,
Walter. Métodos de Estudo Bíblico. São
Paulo, ed. Mundo Cristão, 1993.
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